António José Correia
Ex-Autarca
Novembro foi um mês especialmente intenso na relação com o mar, marcado por iniciativas que reforçam a importância da economia azul no presente e no futuro das nossas comunidades. Começou de véspera com um momento profundamente marcante: no dia 30 de outubro, no 1.º Congresso Náutico Internacional da ACAP, em Mafra, recebi o Prémio “Farol 2025”. É um reconhecimento que partilho com todos os que têm caminhado comigo na valorização da náutica e na promoção de um setor mais sustentável, inclusivo e próximo das pessoas. A apresentação feita por Garrett McNamara tornou o momento ainda mais especial. Das palavras generosas que me dirigiu, guardo esta frase que muito me tocou: “When Toze shows up, everybody starts feeling good around him… he brings this amazing, positive energy.” Um incentivo poderoso para continuar este percurso com dedicação e sentido de serviço.
No âmbito do Mês do Mar, participei a 13 de novembro, na Cinemateca Nacional, na apresentação do Prémio “Mário Ruivo”, promovido pela Direção-Geral de Política do Mar. Enquanto membro da coordenação da Rede das Estações Náuticas, temos contribuído para divulgar esta iniciativa que desafia jovens a produzir vídeos sobre o Oceano, honrando uma das figuras maiores da ciência e da política marítima em Portugal. Desafio para a região: estimular e apoiar a participação de jovens na edição de 2026.
A 15 de novembro associei-me à celebração do Dia Nacional das Conservas de Pescado, no Padrão dos Descobrimentos, a convite da ANICP. As conservas continuam a ser um símbolo da nossa identidade marítima: tradição, inovação, sustentabilidade, emprego e presença internacional. Na nossa região, em Peniche, está localizada a conserveira que mais exporta.
A 19 de novembro, o auditório da ESTM voltou a ser ponto de encontro para pensar o futuro do turismo costeiro e azul, com a conferência “Por um Futuro Azul no Turismo Costeiro: Inovação, Oportunidades e Comunidade”. Especialistas, investigadores, estudantes e entidades locais refletiram sobre caminhos para um turismo mais sustentável e resiliente. No painel sobre valorização territorial, lancei um desafio à ESTM e ao Instituto Politécnico de Leiria: a criação de uma task force regional dedicada a liderar a reflexão estratégica sobre o turismo azul, articulando conhecimento académico, autarquias, empresas e comunidades.
Outro momento inspirador foi acompanhar o estágio da seleção alemã de remo de mar (modalidade olímpica) na nossa baía de São Martinho do Porto, cujas condições naturais únicas a tornam cada vez mais um destino de excelência para treinos internacionais e modalidades de alto rendimento.
Segui à distância os trabalhos da COP30, realizada em Belém. Apesar das expectativas, a conferência terminou sem compromissos firmes quanto à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e sem avanços concretos na proteção do oceano. Mas a lição principal foi clara: quando o processo internacional hesita, os territórios tornam-se protagonistas da ação climática. Municípios, regiões, instituições e comunidades estão hoje na linha da frente das soluções concretas.
É precisamente isso que já se sente no Oeste. Na Nazaré, o projeto HOPE ZONES e a futura Nazaré Regenerative Seaweed Farm mostram como a inovação oceânica pode nascer aqui. Esta iniciativa junta cientistas, surfistas de ondas gigantes, investidores e comunidades piscatórias para testar o cultivo regenerativo de algas em zonas de alta energia, produzindo conhecimento inédito sobre sequestro de carbono, restauração ecológica e financiamento azul. A nossa costa torna-se, assim, laboratório vivo de soluções climáticas e económicas.
Por tudo isto, deixo um apelo claro: que a OESTE CIM e o IPL assumam uma liderança partilhada na construção de uma visão regional para o oceano. O Oeste tem conhecimento, identidade, capacidade e ambição para ser território de referência na ação climática local, na inovação regenerativa e no turismo azul. O futuro do mar constrói-se também aqui — e depende de nós.

































