Never skip a Blue Monday

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Dora Mendes
técnica de museu

Terminada a época festiva, esfriado o entusiamo em torno do novo ano e tudo o que imaginamos trazer, chegamos àquela que é considerada a época mais depressiva do ano. A Blue Monday, assim designada pelo psicólogo Cliff Arnall, que acontece na terceira segunda-feira de Janeiro.
E ainda que nenhum dos factores que constituem a fórmula de cálculo criada por Arnall seja efectivamente mensurável, certo é, que um conjunto significativo de pessoas se identificou no resultado, popularizando este dia internacionalmente.
Arnall baseia-se na meteorologia típica desta época, no montante de salário disponível versus a consciencialização das contas por pagar, no tempo decorrido desde o Natal, e no período desde que cada um de nós desistiu das resoluções de ano novo.
Pegando nesta última, associamos o não menos popular Quitters Day, assinalado na segunda sexta-feira de Janeiro, popularizado por caracterizar a época do ano em que a maior percentagem de pessoas desiste dos objectivos a que se propôs no novo ano!
Caídos entre uma sexta-feira desistente e uma segunda-feira deprimente, o que importa ressalvar são os factores que anunciam que a grande maioria de nós continua a manter as rédeas do seu destino nas “mãos” das circunstâncias e contextos gerais em que se inserem. Pasmem-se que somente 9% atinge os objectivos a que se propõe.
Associado, está ainda o facto de que esta época é profícua para marcação de férias em zonas paradisíacas, levando a que a Blue Monday se considerasse uma estratégia de Marketing. Ou seja, perante a desistência, ao invés de indagarmos os porquês, fugimos para longe na esperança, vã, de encontrar o paraíso que aqui nos escapou.
Somos, na nossa natureza, seres dependentes de relações sociais. Vivemos em comunidade e mais facilmente seguimos uma tendência colectiva, do que criamos uma individual. Talvez por isso faça sentido referir aqui o ano chinês e o princípio comunitário com que é celebrado.
Primeiramente o desfasamento do início do ano que se desloca para Fevereiro, criando espaço para escapar à distracção colectiva em que o resto do mundo se embrenha em Dezembro. Depois, o facto de cada ano trazer consigo um tema, um animal do zodíaco chinês, que se perfaz como um objectivo orientador comum a toda a comunidade. Há, neste sentido, algo que promove desde logo a clareza e o empenho com que todos se dedicam a viver o ano novo, permitindo que mais facilmente se transponha para os sub-objectivos individuais de cada um.
Assim, ainda que o ano novo já lá vá, bem como o período desastroso desta segunda/terceira semana do ano, animemo-nos com Fevereiro, procurando encontrar no Coelho e na esperança, no conforto e na tranquilidade que o caracteriza, e que a nós tanto nos falta, para seguir e cumprir aquilo a que nos propomos! ■

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