Nem tudo é mau!

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O governo tem dado sinais de que iria encaminhar fundos comunitários para a reabilitação do património termal caldense permitindo, inclusivamente, que os Pavilhões do Parque fossem recuperados e reconvertidos num hotel.

São de louvar estes anúncios, até para que não caiam no esquecimento. Se o atual governo respeitar o adágio “Palavra dada é palavra honrada”, tão caro a António Costa, voltaremos a ser a capital do termalismo em Portugal. Com o dinheiro da Europa, teremos um Hospital Termal (o mais antigo do Mundo, por sinal) a cumprir a missão da Rainha fundadora e umas termas modernas viradas para o turismo e para o lazer. Se tal se concretizar e se se confirmar a intervenção positiva deste governo, teremos oportunidade de o elogiar. Fica a promessa. A verdade é que temos todos de perceber que os que não partilham as nossas ideologias ou crenças ou valores não têm de estar sempre errados. Nem tudo é mau.
Isto também serve para aqueles que, cá na nossa terra, só sabem dizer mal de tudo e de todos. Também eles terão de concordar que quem merece igualmente destaque neste processo é o executivo camarário caldense e, em especial, o Presidente da Câmara. O nosso presidente, se tudo correr como se prevê, acaba por demonstrar que sabe conduzir estes processos tendo sempre em mente o melhor para as Caldas. Sem olhar a cores partidárias, soube negociar com o governo do PSD/CDS e agora está a conseguir cativar o governo PS para estes grandes investimentos que são tão necessários para a nossa cidade. Está mais do que na hora dos “velhos do Restelo” caldenses também reconhecerem esse mérito. Está na hora de nos unirmos em torno de objetivos comuns, que verdadeiramente interessam aos caldenses, e deixarem de lado as questiúnculas que criam divisões artificiais e que em nada ajudam ao nosso desenvolvimento. Está na hora da oposição caldense dar o seu primeiro passo no sentido da união. Já seria bom que, nesta primeira fase, apenas reconhecessem que nem tudo é mau…
Se isto é assim a nível nacional e local, também o é a nível europeu. Que a União Europeia não é perfeita, já todos o sabemos. Nem poderia ser. É uma construção humana e, como tal, imperfeita por natureza. Mas deixemo-nos de hipocrisias. Nos parágrafos anteriores prometi elogiar o atual governo PS e pedi que se reconhecesse o mérito da nossa Câmara PSD, isto se se viesse a concretizar o investimento no nosso património termal. Falta perguntar: investimento de quem? De onde vem (se vier) o dinheiro? A resposta para o caso das Caldas é a mesma do que para a esmagadora maioria dos investimentos que são feitos de norte a sul de Portugal: o dinheiro vem da União Europeia. Se viermos a ter, como todos desejamos, o nosso património termal restaurado, isso dever-se-á, e de que maneira, aos contribuintes europeus que, com os seus impostos permitem essas transferências. Certamente que muitos contribuintes alemães prefeririam que o dinheiro dos seus impostos fosse investido na Alemanha, em vez de vir para o Hospital Termal das Caldas da Rainha, Portugal. O que não está certo é que os políticos portugueses continuem sempre a usar a União Europeia como bode expiatório dos seus fracassos e a centrar em si os méritos daquilo que só conseguem com dinheiro europeu. A primeira posição, daqueles sacodem as suas responsabilidades e dizem que tudo o que está mal é por culpa da Europa, é uma posição hipócrita; a segunda, em que se faz obra com dinheiro europeu e não se reconhece qualquer mérito à União Europeia, é pura ingratidão. Como não quero ser governado por hipócritas nem ingratos, desafio os nossos políticos a olharem para a Europa e reconhecerem que nem tudo é mau!

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