Não tenhas medo

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Há uns dias numa cerimónia pública, o Presidente da Câmara, Tinta Ferreira, referia-se à transferência do Hospital Termal para a esfera administrativa da Câmara Municipal como uma conquista do seu executivo. Alguns na sala não puderam evitar um tremendo arrepio na espinha. Além da procissão ainda nem ter saído do adro, num processo que de adivinha tão longo quanto a inércia e incompetência a que esta maioria laranja nos vem habituando há décadas. Bem sabemos que as questões de saúde não cabem nas competências habituais de uma autarquia. Aliás, nas competências desta autarquia não cabem sequer as questões do turismo, para onde querem empurrar o desgraçado Hospital Termal, depois das sonhadas obras de requalificação, com os respectivos fundos comunitários, e entregue a um privado para explorar durante décadas. Um negócio muito apetecível para qualquer privado, caso estivesse numa cidade que se soubesse promover turisticamente. Uma gordinha e suculenta PPP – parceria público privada, à imagem de tantas outras que os sucessivos governos PS, PSD e CDS se têm encarregado de promover, com os custos a ficarem do lado do estado, neste caso da autarquia, e os lucros para os privados.

Este absurdo triunfalismo político não poderia ter sido mais chocante, ou não estivesse presente na sala o Dr. Mário Gonçalves, eminente cirurgião da nossa cidade, que foi durante muitos anos o Administrador daquele que foi o primeiro Centro Hospital do país, nos anos 70, exactamente pela junção do Hospital Termal e do então Hospital Distrital numa única unidade orgânica. Com a sua capacidade profissional o Dr. Mário Gonçalves tornou o nosso Centro Hospitalar numa instituição de referência para 40 anos. Outros que se seguiram souberam dar continuidade a esta obra, para a mais recente administração o vir esfrangalhar, em nome de outros interesses – de outras cidades e de hospitais privados a quem interessa o mau funcionamento do serviço público. E para a Câmara Municipal vir abocanhar o Hospital Termal, considerando-o uma conquista, quando o que se está a ver, desde já, é que deste processo de desmantelamento dos serviços de saúde em nada resulta algum benefício

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para as populações, a quem afinal o poder político devia servir.

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Entretanto decorre a campanha eleitoral e este domingo vamos a votos para elegermos a próxima Assembleia da República, de onde resultará o próximo governo do país. E este triunfalismo irresponsável acima descrito não destoa em nada do triunfalismo do governo destes últimos quatro anos: Espatifaram o Serviço Nacional de Saúde, mas o país está melhor. Retiraram meios à Escola Pública, em benefício dos colégios privados, aumentado a dívida e o défice, mas o país está no caminho certo. Fecharam milhares de empresas e foram também milhares de pequenos comerciantes a fecharem as portas. E Portugal pode mais? A destruição de empregos atinge números monumentais e sem precedentes. As estatísticas marteladas aí estão para interpretação a gosto, mostrando convenientemente uns dados e escondendo outros. Uma tímida recuperação no último ano faz as delícias da propaganda, como se de repente estivéssemos no melhor dos mundos. Depois do país bater no fundo, pudera, alguma coisa teria de recomeçar a dar sinais de vida. Mas a verdade é que a economia e a criação de riqueza recuaram a valores de há mais de 10 anos, e por este andar ainda vai demorar a atingirmos os números da criação de riqueza em 2007. Mas as sondagens rejubilam.

Não tenhamos medo do exercício de memória. Este domingo quando formos às urnas, que cada um vote lembrando-se do que tem passado. Que cada voto seja a expressão do que pensa, do que aconteceu ao país e a si próprio, e não do que pensam os comentadores do que cada um pensa. Que não tenha medo de votar pela sua vida e não apenas para escolher entre ficar pobre e ficar ainda mais pobre.

 

Lino Romão

 

linoromao2.0@gmail.com

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