Morreu o Hermínio

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2010

Frase seca, dura com que fui “despertado” aqui longe no Alentejo, no dia 3 de Setembro de 2018 e quantas vezes, meu bom amigo, me lembrei de ti, ultimamente, receando que o teu desaparecimento físico acontecesse comigo fora das Caldas!
Foi o que se deu.
Recebi a notícia confirmada posteriormente pelo amigo comum José Lino.
Que dizer?
Palavras circunstanciais e pesar junto aos seus familiares?
Sim isso é óbvio, destacando neste momento de tristeza a sua companheira de uma vida a Joaquina (como todos os “mais” chegados a chamam com ternura) e seus familiares e seu irmão Fernando Oliveira.
Mas além disso preciso de falar contigo… O que foste para mim. Quero transmitir aos outros amigos essa mensagem.
A nossa amizade, cumplicidade ao longo de mais de 60 anos! São palavras que saem do peito, e não elaboradas, temos esses dever e desejo-o.
Habituei-me na minha infância, a ver-te em todas as manifestações cívicas e culturais aqui… nas Caldas junto aos meus (nossos) onde destacava a figura do meu Avô Freitas – como dizias posteriormente eras um discípulo. Mais tarde “vi-te” lado a lado com meu Pai, comungando os ideais republicanos na chamada Oposição ao regime vigente. Ao longo desses tempos existenciais como homem de bem onde a amizade prevalecia acima de tudo, privavas com todos, não distinguindo aqueles que não perfilhavam os teus ideais – exemplo a Gazeta das Caldas na amizade com o Saudade e Silva, que grande lição Hermínio… Eras nessa altura um companheiro de meu pai.
E como a vida não para, comecei a colaborar intimamente contigo – transmitias-me a tua sabedoria com aquela simplicidade e maturidade de um Homem bom e de bons costumes. E aí – fiquei para sempre a considerar-te meu Mestre ficando na minha memória – (a humildade) com que aceitaste a ser eu quem te propôs para a tua Iniciação Maçónica.
Foste tudo – oficial de 7 ofícios – mas a tua paixão foram os livros e o teu pesar – o já não os poderes ler.
Por tudo isto meu Irmão (e foi uma vida cheia) meu camarada e meu amigo – Descansa em Paz. Vou procurar honrar a tua memória.
As Caldas devem-te muito! Saibam as instituições honrar-te como tu, na dedicação e empenho elevaste-a com o teu saber a tua terra.

Custódio João Vilela Maldonado Freitas

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