A minha visão sobre as Caldas da Rainha e o Desporto

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A cidade em que habito é um caso de estudo no que respeita à variedade de modalidades desportivas que os jovens podem praticar. A oferta é, de facto, muito diversificada. São mais de 50 as possibilidades que são oferecidas como leque de escolha, o que é manifestamente bom numa cidade com a dimensão de Caldas da Rainha.
Existem muitos espaços para a prática estruturada de atividade física, o que significa que os jovens podem integrar as aulas/treinos… desde que possam pagar as mensalidades inerentes a essa prática. Será esta a melhor forma de garantir o acesso de todos ao desporto? Não seria útil que houvesse um campo em cada bairro, onde as crianças e jovens pudessem brincar e jogar livremente umas com as outras? Os melhores desportistas por esse mundo fora também brincaram muito na rua, com os seus amigos e familiares… engane-se quem pense que são produto exclusivo dos clubes e academias.
É do senso comum que os grandes atletas vêm muitas vezes dos extratos sociais mais pobres. Poderão estes miúdos pagar as mensalidades inerentes à prática de uma modalidade? Estas são questões que deixo à reflexão de cada um.
A maior dificuldade desta cidade acontece quando se pretende profissionalizar as equipas. Não temos nas Caldas da Rainha um vasto tecido empresarial que possa patrocinar equipas profissionais na nossa cidade. A autarquia subsidia os clubes, embora sejam muito discutíveis os critérios que conduzem a que o Futebol do Caldas Sport Clube e o Voleibol do Sporting Clube das Caldas sejam claramente os mais beneficiados relativamente aos demais. Parece-me que não é viável que equipas em que os atletas são pagos (independentemente do valor da remuneração) tenham como principal “patrocinador” a autarquia.

Para ser claro, acho que a autarquia deveria canalizar o dinheiro no acesso de todos ao desporto, criando mais espaços de prática na cidade, e no financiamento das equipas de formação dos clubes (até aos Júniores). Equipas profissionais deveriam ter outras formas de angariar os fundos que necessitam para o funcionamento da sua atividade (onde incluo o pagamento das remunerações dos elementos que as compõem).
É de enaltecer a grande prestação na Taça de Portugal 2017/18, onde a liderança do meu colega e amigo José Vala (com a sua equipa técnica, médica e directiva) conduziu este fantástico grupo de atletas a fazer história no futebol português.
Quanto aos dirigentes (do Caldas Sport Clube) e dos outros clubes que se inserem nos projetos dos clubes com a postura de servir uma pequena comunidade sem que para isso sejam remunerados deixo um agradecimento especial, mas também um conselho… inspirem-se naquele que foi um dirigente especial (pela postura e qualidade como ser humano) e que tive a honra de conhecer na minha longa passagem pelo Sporting Clube das Caldas… O Senhor José Augusto, a quem deixo a minha singela homenagem.

Francisco Botelho Matos
Professor de Educação Física e Representante do BE no Conselho Municipal de Desporto

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