MÁRIO REIS – A família que constrói caracter

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Gazeta das Caldas

Gazeta das CaldasMário Reis foi entrevistado no Caixa Negra na Mais Oeste rádio numa entrevista conjunta com Orlando Trindade artesão de instrumentos de cordas que labora no Largo João de Deus. O que mais me apraz dizer sobre Mário Reis nesta crónica é a relevância do percurso de gerações que Mário carrega com ele, e não sendo esta carga uma herança pesada, é sim para o Mário e para o Vitor, seu irmão, a razão de ser do talento que facilmente se desvenda nos encargos a que se dedicam.
Será numa cidade de ceramistas e numa família de ceramistas, que Mário e Vitor se dedicam à sua arte, e não será demais dizer que a tradição cerâmica de Caldas da Rainha, é fortemente beneficiada pelo seu trabalho e pelo de tantos outros que de forma audaz e empreendedora se dedicam à materialização de tantas ideias e formas que nascem de séculos de aprendizagem passada de geração em geração.
Se praticamente toda a família de Mário e Vitor foi ceramista, é nesta continuidade que alem de honrosa, se descobre um génio na manipulação de pastas e cores, tornando as suas peças num jogo, que no caso de Mário se desvendam em formas leves e articuladas pela geometria, e no caso de Vitor numa metáfora que brinca com conceitos e os transforma num puzzle de ideias, que chegam a nós pela analogia da poesia das palavras e a geometria inesperada da sua concretização material.
Perdoem-me todos os outros quase 50 ceramistas da cidade de Caldas da Rainha, mas neste caso especifico e não querendo deixar ninguém de fora, escolhi esta família de ceramistas para esta crónica, exatamente porque existe um legado de gerações de artistas que lhes corre no sangue, e se para mim a família é o mais importante, certamente para todos vós, a família e esta cidade onde vivemos é o reflexo de um ambiente propicio, a que neste território se possam fixar todos quanto quiserem, apenas recorrendo à mestria do empreendedorismo que acrescenta valor, e à iniciativa individual de carregar a cidade no coração além fronteiras.
A intenção desta crónica, não é tão somente falar de cerâmica e de todos aqueles que se dedicam a ela, recorrendo à família Reis como mobil, mas sim reforçar publicamente que o potencial criativo de Caldas da Rainha e das suas gentes, há muitas gerações, resulta numa exceção a nível Internacional, derivado de um conjunto de fatores que lhe são próprios e que se destacam das demais, pela única e excecional razão de que a família Caldense, independentemente de opiniões diversas, continua a ser a razão pela qual muitos de nós regressamos a esta cidade para podermos com o nosso labor construir um futuro melhor.
É esta família Caldense que representa o potencial criativo de séculos de existência, e no meu entender, é como família que todos nós a tratamos, na necessidade porem de com a respetiva tolerância, entender que é apenas com o reforço positivo constante, que podemos alcançar projetos maiores e que certamente num futuro próximo a todos nós nos orgulharão.
A família que constrói carater, não é de sangue, mas sim de identidade, e essa identidade é intrínseca a todos os Caldenses e alem do mais podemos também afirmar que todos os que a carregam no peito são os embaixadores e os motores desta sinfonia que na diversidade encontra a sua maior riqueza, a criatividade.
A última obra de Mário Reis pode ser vista no edifício do teleférico da Nazaré.

Mariana Calaça Baptista
info@marianacalacabaptista.pt

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