Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro e o 1º de Dezembro

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museuO Museu Militar, situado junto a estação ferroviária de Santa Apolónia, é um excelente Museu que reúne não apenas um excelente espólio histórico e patrimonial, mas também um não menos importante tesouro que alberga um notável espólio artístico constituído por pintura, escultura, talha e azulejaria dos nossos mais representativos e mais distintos artistas portugueses da viragem do séc. XIX para o XX, distinguindo-se, entre outros, Columbano Rafael Bordalo Pinheiro, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro e José Malhoa.
O Museu Militar, tal como o conhecemos hoje, começou a ser configurado em 1760, quando  D. José deu início à reconstrução de todos os  edifícios existentes no local, antiga  fábrica de armamento/Arsenal,   destruídos  pelo terramoto de 1755. Pela mesma altura – 1764 – ficou concluído o restauro do edifício em que hoje se encontra parte do Museu. De harmonia com o plano inicialmente estabelecido, havia um piso térreo e um primeiro andar com cinco salas de armas e, ainda, uma sexta sala, de menor importância, dando saída para o pátio a Leste, obras só completadas cem anos depois. O pórtico da entrada principal, a Oeste, foi delineado pelo engenheiro francês Maurice de Larre – contratado por D. João V, embora alguns historiadores atribuam este pórtico ao engenheiro húngaro Carlos Mardel.
Nos finais do séc. XIX, por acção de Eduardo Castel Branco (seu director entre os anos 1876/1905), o Museu recebeu a marca dos nossos mais insignes artistas da  época, nomeadamente,  o monumental  pórtico desenhado e decorado pelo escultor Teixeira Lopes, (1890), e a decoração das salas expositivas com o contributo dos nossos grandes pintores naturalistas.
Assim, desde 1905, encontra-se este Museu Militar com a configuração que hoje apresenta e que podemos admirar.
Data do ano de 1904, ano da homenagem nacional feita em Lisboa ao pai do artista, Rafael Bordalo Pinheiro,  a concretização da encomenda feita a Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro para pintar um conjunto de painéis azulejares alusivos à restauração da independência portuguesa de 1640, realizada, possivelmente,  na fábrica das Caldas das rainha
Os referidos painéis, em número de quatro, encontram-se hoje restaurados e colocados num dos túneis que interligam o percurso museológico, todos assinados e datados, historiando alguns dos momentos mais populares e exaltantes da restauração da nossa independência, ocorrida no dia 1 de Dezembro de 1640.
Em 2009, devido ao mau estado de conservação em que encontravam os referidos painéis, a direcção de História e Cultura Militar solicitou o apoio do Município das Caldas da Rainha  para a recuperação dos referidos painéis, pedido que mereceu a consonância da autarquia caldense, tendo a mesma apoiado o restauro dos referidos painéis azulejares com a quantia de  24.204 euros, conforme regista a Acta n.º 10/09, apoio esse garantido mediante a assinatura de um protocolo que  visava suportar as despesas com os trabalhos de recuperação dos painéis, a correcta aplicação das verbas transferidas e os procedimentos a encetar, deliberação  tomada por unanimidade.

Nicolau Borges

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