Mais um desafio para as escolas

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José Santos
professor

Ao escrever esta crónica, que irá coincidir com o 98.º aniversário da Gazeta das Caldas não poderia deixar de congratular este jornal por esta data tão significativa. Não é fácil chegar a esta idade e com um percurso de vida tão ativo, proeminente e relevante na vida de todos nós.
E quando digo todos nós, refiro-me, claro está, a mim enquanto cidadão, mas também na vida do Agrupamento que dirijo. E desde o início que conto com a Gazeta nesta caminhada.
Não posso deixar de salientar o papel indubitável na partilha e na divulgação das boas práticas que implementamos e, ainda, o seu papel de criador e disseminador de oportunidades de aprendizagem e de elemento gerador de discussão em torno das problemáticas educativas. E é nessa missão que hoje, como ao longo destes últimos anos, sabemos que podemos contar com o apoio da Gazeta das Caldas.
Posto isto, como cidadão e educador, obrigado por tudo!
Hoje gostaria de falar sobre um assunto que, com o início das aulas, assume uma importância e pertinência redobradas. É mais um assunto para refletirmos: os constrangimentos que são sentidos pelos nossos filhos, os filhos dos professores, que são afetados por todas as contingências que afetam os pais; que levam a que frequentem várias escolas e, em última instância, várias turmas num único ano letivo.
Nos últimos anos temos assistido a um crescente aumento do número de alunos nesta situação, que saltitam anualmente de escola em escola e que são desenraizados das suas turmas, dos seus amigos, dos seus professores. E estes alunos vêm juntar-se aos alunos que recebemos de outras nacionalidades, aos alunos refugiados, aos alunos itinerantes, e a tantas outras situações particulares que encontramos nas escolas.
Assim, temos o dever de pensar nestas crianças, em todas as crianças, e criar situações de aprendizagem plenas de sentido, mas também de lhes fornecer ferramentas para que lidem com estas situações com sucesso. É esse o nosso papel e esse é mais um desafio para as escolas e para as famílias. Mais uma oportunidade para desenvolver interações plenas de sentido para o desenvolvimento da qualidade, excelência e equidade na educação.
Despeço-me com esta palavra para os alunos nesta situação. Uma palavra para aqueles que raras vezes têm os pais na reunião de apresentação, para aqueles que raras vezes têm os pais ao fim de semana, para aqueles que passam muito tempo sozinhos, apesar de terem os pais na mesma sala, a corrigir testes, para aqueles que, altruistamente, partilham os pais com tantos outros. ■

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