Independência comprometida? Não!

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Tudo começou por um convite para uma reunião de cidadãos, que se iriam juntar numa tentativa de se organizarem como um Grupo de Cidadãos Independentes, para posterior candidatura às Eleições Autárquicas 2013.
Reuniram-se cerca de 40 pessoas, que me pareceram de diversos quadrantes sociais e políticos, entre os quais se destacavam um grupo significativo de pessoas ligadas ao partido Bloco de Esquerda, que aí manifestou a sua intenção de apoiar uma candidatura de cidadãos e prescindir de se candidatar enquanto partido.

Dessa reunião resultou uma comissão constituída por 18 pessoas, cuja lista, acabou por vir parar às minhas mãos e de me ver confrontada com o seguimento dos trabalhos. Assim agendei uma reunião da comissão e como tinha ficado com esta responsabilidade, reuni antes com a Assembleia Geral do MVC e preparei a reunião de acordo com a posição expressa naquela assembleia, onde se  considerou que antes de qualquer avanço, deveria ser clarificada a posição do Bloco naquela comissão, e sobretudo numa possível candidatura, numa clara declaração de interesses.
Assim, na reunião uma parte significativa dos membros da comissão, concordaram que o apoio de um partido a uma candidatura independente, teria que ser externo e posterior à criação de uma carta de princípios, do manifesto eleitoral e até da elaboração de um programa, o que não impedia que alguns elementos do Bloco integrassem a comissão, mas como cidadãos livres das influências e dos “tiques” partidários. Após acesa discussão e saída de alguns elementos, acabou por se agendar outra reunião da comissão, partindo da premissa de que o assunto estava esclarecido. Na reunião seguinte verifiquei imediatamente que o problema se mantinha. Ao serem lidas as atas das reuniões anteriores, as divergências de interpretação eram claras e a recusa dos membros do Bloco à utilização da palavra “Independentes”, fizeram-me perceber que a minha presença ali, só poderia ser um equívoco, daí que abandonei a reunião.
Para mim ser independente é efetivamente dar a cara por um projeto em que se acredita. É ter a coragem de assumir com coerência as nossas ideias e os nossos ideais, livre de amarras ideológicas, partidárias ou de favores na nossa vida pessoal e profissional.
Claro que o conceito de independência pode variar de pessoa para pessoa, e depende com certeza da forma como cada um vê a Vida. Para mim o mais importante são as pessoas e considero que o “Humanismo” tem que se sobrepor a qualquer ideologia, quer se considere de esquerda ou de direita. Como as pessoas vivem nas suas terras, da sua organização, do seu ambiente, dos seus equipamentos e da sua conservação dependem também as suas vidas e a sua felicidade e bem-estar, pelo que se reveste de grande importância a organização Autárquica. Por isso e não obstante considerar que estas eleições podem ser a oportunidade dos Grupos de Cidadãos Independentes, só podem ser a alternativa credível se tiverem um projeto coeso, uma equipa de trabalho capaz de lutar por ideais bem definidos, sem a amarra de ideologias ou interesses partidários ou de outra indule.
Nunca tive medo de desafios, sem falsas modéstias, sou consciente das minhas competências e capacidades de trabalho, no entanto enganam-se os que pensam que ambiciono qualquer cargo. Para algumas pessoas, com todo o respeito que me merecem eleitores e eleitos, o importante é o título, a posição social e politica que podem atingir. Para mim um cargo desta natureza seria uma missão em prol do bem comum. Uma missão que no fundo implica sempre o condicionamento da liberdade individual de quem a exerce numa perspetiva de servir e não de ser servido.
Como cidadã continuarei a pugnar e a incentivar à cidadania participativa na sua plenitude, consciente de que a ignorância, a indiferença, a ganância e o egoísmo são a principal causa do estado a que chegou a nossa sociedade. Só pelo conhecimento, pela educação, pela cultura e sobretudo pelo sonho se poderá mudar, não podemos deixar que nos roubem também a capacidade de sonhar, de sonhar livremente, porque só é verdadeiramente livre aquele que se sente livre!

Maria Teresa Serrenho

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