Imprensa regional e identidade local: Porque precisamos de jornais como a Gazeta?

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David Vieira
Técnico de Comunicação

Atualmente, tem-se falado muito em identidade. E, de facto, a identidade é algo que nos junta. É algo que nos ‘cola’ enquanto pessoas. Podemos ter, digo eu, diversos níveis de identidade. Podemos falar de uma identidade ocidental. Ou europeia. Ou portuguesa. Ou oestina. Ou caldense. Ou bairrista… À medida que vamos apertando a malha, vemos que a nossa identidade, apesar de única, vai-se alterando.

Hoje, gostaria de falar daquela identidade mais local, que vai da nossa rua ao nosso bairro, passando pela nossa aldeia, vila ou cidade e, porventura, acabando na nossa região.

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Entendo que a imprensa regional é um espelho da comunidade e, como tal, identifica-se connosco. É uma espécie de instrumento de coesão territorial e cultural, que retrata os nossos quotidianos locais e dá visibilidade a histórias que os grandes media – aqueles que estão noutro grau de identidade – tendem a ignorar. A imprensa local e regional reforça, portanto, o sentimento de pertença. E, quando falo de imprensa, refiro-me a todos os meios: seja a rádio, a televisão, ou os meios digitais, que acabam por ser multimédia.

Há estudos que indicam que os jornais locais ou regionais são mais confiáveis para os leitores do que os nacionais. Porquê? Porque a proximidade cria legitimidade. As pessoas conhecem os jornalistas, os temas e os protagonistas.

Num tempo de algoritmos e de notícias, muitas vezes “copy-paste”, a imprensa regional começa a ter dificuldades em resistir a esta homogeneização informativa, onde o que é notícia é muito genérico, frequentemente distante e quase sempre adaptado ao simplismo e à superficialidade.

É por isso que a imprensa local e regional é tão importante. Vejamos, por exemplo, os tempos que aí vêm, de eleições autárquicas. Se não fosse a imprensa local e regional, estariam cá os meios nacionais a fazer notícia dos programas e das ideias dos diversos candidatos, de todos os partidos e movimentos, nos diferentes concelhos da região? Estou em crer que não estariam.A imprensa local e regional, com a sua mediação, promove, por isso, a literacia cívica. Informa sobre as assembleias, sejam elas de freguesia, municipais ou da nossa coletividade. Fala das decisões dos nossos eleitos. Apresenta os projetos da comunidade. E, muitas vezes, é o único espaço de escrutínio local, com direito a contraditório.

Apesar desta evidência, os órgãos de comunicação social locais e regionais enfrentam muitos desafios. Terão de se adaptar aos novos tempos, às novas linguagens, a novos públicos e a novas formas de gestão. Mas também cabe aos leitores, aos empresários, aos munícipes, aos cidadãos, fazer a sua parte. Se queremos manter parte da nossa identidade, não podemos deixar a imprensa local e regional cair.
Basta imaginar o que seria a nossa região se não houvesse Gazeta das Caldas.
Vá. Mãos à obra.

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