A notícia de hoje é o culminar de um longo processo de desvalorização e desqualificação do Hospital Termal das Caldas da Rainha por parte do Estado Central, nomeadamente do Ministério da Saúde, que sempre se mostrou indisponível e sem vocação para gerir o Hospital e o seu património. Esse património, no qual se inclui o Jardim D. Carlos I e a Mata Rainha Da Leonor, espaços de grande valor social e paisagístico no contexto nacional, é uma totalidade una e indivisível.
Não há futuro para a estância termal caldense sem esta combinação única de Hospital Termal, Jardim D. Carlos I e Mata Rainha D. Leonor.
A combinação e as sinergias espaciais, sociais e históricas entre estes três elementos, que se estabeleceram ao longo de séculos, é a marca distintiva e única das Termas das Caldas, e o factor de valor acrescentado que a distingue das demais.
Todo este conjunto urbano, Hospital e estância termal (Jardim D. Carlos I e Mata Rainha D. Leonor), poderia ser uma bandeira emblemática de uma nova ideia de política da Saúde e do Bem-Estar. E um excelente instrumento de elevado potencial, não só de desenvolvimento local e regional, mas também nacional.
O Ministério da Saúde poderia ter optado atempadamente por uma política não exclusivamente centrada no tratamento e no medicamento, que só interessa à indústria farmacêutica (como referiu recentemente numa entrevista o prémio Nobel Richard Roberts), mas orientada também para a promoção de estilos de vida saudáveis (andar a pé, de bicicleta, apreciar a paisagem e a cultura do ambiente construído). Uma política integrada com o Turismo e o Território.
A nossa cidade de Caldas da Rainha tem todas as condições para ser o exemplo de uma cidade saudável em Portugal. Lamentavelmente a actual equipa do Ministério da Saúde entende que “(…) não tem vocação para gerir jardins e matas”, e também que “(…) as termas não fazem parte do seu core-business”(…) e quer livrar-se rapidamente de todo o património termal, entregando-o à Câmara Municipal, mesmo que a título precário e sem um prazo definido. Entretanto, o Sr. Presidente da Câmara de Caldas da Rainha também já reafirmou o mesmo, isto é, “(…) que a Câmara não tem vocação para isso, seria um erro. (…) A Câmara sabe tapar buracos, fazer estradas e fazer obras” (Gazeta das Caldas, 12/ 04/ 2013), querendo também ele cedê-lo a terceiros.
Devemos exigir soluções que sejam não apenas locais, mas também nacionais. Soluções que sejam instrumentos do desenvolvimento económico e social. “Queremos soluções”, tal como foi afixado na estrutura urbana temporária construída no Largo Rainha D. Leonor, mas não soluções precárias, irreflectidas e sem uma ampla participação de todos os cidadãos! Não podemos aceitar decisões precárias que são o primeiro passo para o desastre!
O Hospital Termal deve servir a missão para que foi criado pela Rainha D. Leonor, missão essa bem descrita nos documentos fundadores da sua constituição formal, nomeadamente no ‘Livro do Compromisso’. Para o cumprimento dessa missão e compromisso histórico, o Hospital Termal deve ter uma entidade jurídica autónoma e manter a unidade de todo o seu património.
Jaime Neto
Comissão de Utentes ‘Juntos pelo Nosso Hospital’
































