Ámélia Sá Nogueira
Socióloga e Ceramista
A cidade que habitamos, quando lhe temos afeto é como a nossa casa. O nosso porto de abrigo, lugar de quietude, de descoberta, de festividade, de (re)encontro. Vivemos a cidade num corrupio e nem sempre a olhamos de forma apaixonada como ela merece. Quando fazemos o papel de cicerones, os nossos lugares de eleição ajudam a moldar a imagem do espaço envolvente criando um roteiro muito próprio, quase singular.
Cada um de nós é um guia que transporta uma visão única da cidade como se existissem não uma mas várias cidades dentro da cidade. O nosso café favorito, o melhor percurso pelas ruas que levam ao centro histórico, o melhor ângulo para a fotografia perfeita dos pavilhões do parque, a dinâmica festiva da Praça da Fruta ao sábado de manhã, a fachada de azulejos mais bela da cidade, o melhor pôr do sol na Lagoa de Óbidos e tantos outros atrativos cheios de segredos que vamos verbalizando com especial orgulho aos forasteiros que nos visitam. Caldas da Rainha destino a descobrir, começa a beneficiar das franjas turísticas das grandes cidades. Fruto de múltiplos fatores como a aposta na divulgação de Caldas como destino turístico ou a existência de importantes comunidades de diferentes origens residentes na Silver Coast, certamente contribuem em muito para a descoberta quase diária de turistas nas ruas da cidade. Muitas vezes é pelo olhar de quem nos visita que redescobrimos as potencialidades da nossa cidade.
O turismo de cidade, cada vez mais diversificado e exigente, faz apelo à criação de políticas inovadoras e à própria reinterpretação dos contextos territoriais com ofertas muito mais lúdicas e contemporâneas, criando igualmente nos agentes locais uma competitividade crescente. A par da história e dos traços identitários diferenciadores da cidade que funcionam como uma marca além fronteiras, é necessário agregar elementos criativos e inovadores desenvolvendo condições para a requalificação e revitalização do território para habitantes e visitantes. Para melhorar a experiência de quem nos visita seria interessante a criação de percursos turísticos pela cidade distribuídos por áreas de interesse contemplando por exemplo elementos históricos e culturais ou percursos ambientais parque e mata. A sinalética turística, um dos calcanhares de Aquiles para os visitantes da cidade é talvez o ponto que apela a uma rápida intervenção.
A arte de receber bem exige muitos detalhes e talvez o principal seja o olhar apixonado de quem serve de guia a quem parte à descoberta de Caldas da Rainha como destino turístico.■

































