Há mercado na arte

0
988
Ana Maria Carneiro Pacheco
Ana Pacheco

Inaugurou há dias no Museu Guggenheim em Bilbau, um dos mais conhecidos do mundo, e vai ficar até 11 de novembro, a Exposição “I’m your mirror” (“Sou o teu espelho”) de Joana Vasconcelos.
É a primeira exposição individual de uma artista portuguesa neste prestigiado museu. Um motivo de orgulho. Inspiremo-nos… e voltemos a Portugal.
Há na Região Oeste, e especialmente nas Caldas, uma oferta museológica de grande qualidade relativamente pouco conhecida e amada: o Museu José Malhoa, o Museu da Cerâmica e o Centro de Artes, que é uma estrutura Municipal com cinco museus integrados (Atelier Museu António Duarte, Atelier Museu João Fragoso, Museu Barata Feyo, Espaço Concas e Museu Leopoldo de Almeida). E há também o Museu do Hospital e das Caldas.
O mais recente é o Museu Leopoldo de Almeida inaugurado em maio de 2017 com o espólio doado pelos herdeiros do escultor.
Foi um investimento de 900 mil euros nomeadamente num novo edifício, comparticipado em 85% por fundos comunitários, logo 135 mil euros suportados pela Autarquia das Caldas da Rainha.
Mas qualquer investimento, sendo muito importante é só o princípio. E o das infraestruturas deve ser imediatamente seguido pelo da Divulgação.
De realçar a necessidade básica para qualquer empreendimento empresarial, incluindo os culturais, de prever a exploração: definir o modelo desejável, suas receitas e custos num determinado modo de atividade.
É a capacidade de atrair clientes (visitantes, no caso dos museus) versus os custos de exploração (pessoal, manutenção, energia, seguros, segurança), que marcam as possibilidades de afirmação e desenvolvimento.
Estas contas previsionais têm que ser feitas antes do Investimento.
Na tentativa de poupar nos custos de exploração tenho visto museus fechados (sem aviso) quando deviam estar abertos (por haver só um funcionário “rotativo”?) e a falta de divulgação é uma constante.
Há ainda muito campo de crescimento para o Turismo nas Caldas, tendo em conta a oferta hoteleira alargada existente. E alguns turistas, ainda que apreciando muito as paisagens, queixam-se de haver poucas coisas para fazer.
Para colmatar esse facto sugiro forte colaboração entre responsáveis pelos Museus e empresas locais de turismo como a GoCaldas com boa divulgação na net, assim como colaboração informativa atraente e direta com os Hotéis.
E porque não abrir a possibilidade de voluntários conhecedores de qualquer idade devidamente credenciados, ajudarem nas visitas?
Sem medidas inovadoras mas simples, receio que as visitas continuem muito aquém do que os acervos de um modo geral merecem, para desfrute dos nossos sentidos.
A pedra de toque é sempre chamar a atenção, sobressair, envolver a obra num certo mistério e dessa maneira atrair visitantes.
As polémicas muitas vezes ajudam, outras é uma peça ou um quadro que é destacada da exposição e alvo de publicidade concentrada e as pessoas vão ver “aquele” quadro e, claro depois vem o resto, andam pela cidade, fazem compras, ajudam a gerar vida e movimento.
Mas esse destaque pode acontecer naturalmente e resultar como no caso do quadro mais famoso do Museu do Prado em Madrid: “Meninas” de Velasquez. Sabia que foi o facto de se chamar “Meninas” e não “Niñas” que despertando a curiosidade levou muita gente a visita-lo? Poucos tinham conhecimento que a mãe do grande pintor era Portuguesa e esta foi uma forma de Velasquez a homenagear.
Em suma: também no aspeto dinamização dos Museus, com vontade, alguma imaginação e trabalho de equipa entre entidades muito se pode ainda fazer!
Os resultados certamente virão, mais depressa do que se imagina.
Ana Maria Pacheco
anamcpacheco@upgamp.com

- publicidade -