Quero falar sobre a situação insuportável do uso de substâncias tóxicas no Bouro. Durante anos tem havido envenenamento devido à pulverização nas propriedades vizinhas onde está uma grande exploração agrícola. Como o vento vem principalmente do noroeste, os moradores, a escassas dezenas de metros de distância, são pulverizados pela nuvem de veneno.
Substâncias cancerígenas como Collis, Miltane Mikro, Ciclone48 EC e outras são usadas frequentemente.
Ontem, enquanto jardinava, fui borrifado durante horas, mais uma vez, sem me aperceber. Só quando senti uma sensação de náusea e vómito tomei consciência e reparei que na vizinhança havia um trator com um trailer, pulverizando fungicida na direção do vento. O vento veio muito forte do oeste (lado do mar).
A terra do agricultor que estava a pulverizar limita também directamente com a empresa de morangos Frutas Clássicas. Pelo que sei, várias dezenas de trabalhadores estão empregados ali. Neste sitio há também o refeitório da empresa.
Durante três anos, a polícia do ambiente [SEPNA – GNR] foi chamada por mim várias vezes e apontou para a situação. Eu fui ao hospital três vezes com dificuldades respiratórias e náuseas, os mesmos sintomas que senti agora.
Curiosamente, nos últimos anos morreram duas vizinhas que tinham a sua casa mesmo na primeira linha em frente às explorações que têm sido pulverizadas. Uma morreu de cancro da mama e a outra, que nem sequer era fumadora, morreu com cancro dos pulmões. Será coincidência?
Nos últimos anos mantive um registo, escrito e com filmagens, sobre as actividades de risco ambiental da empresa vizinha. Houve mais de 20 pulverizações em um ano. No ano passado foi provavelmente um pouco menos devido aos novos regulamentos, mas também eu não estive presente o ano todo.
O que está a acontecer no Bouro é extremamente preocupante. Bouro é e sempre foi uma pequena população antes de qualquer empresa começar a sua exploração. Bouro ainda está no santuário de pássaros de Paul Tornada. A água potável é bombeada do subsolo há anos para consumo da população.
As empresas agrícolas adjacentes estão usando toneladas de veneno em frente das nossas portas. Os residentes estão em grande perigo e as águas subterrâneas serão, mais cedo ou mais tarde, contaminadas.
Eu tenho gravações de vídeo ao longo de vários anos e documentação escrita. Mas estou a pensar, com os meus vizinhos, instalar junto às nossas casas um aparelho para medir a poluição atmosférica.
F. C. Michael Seitz
































