Espaço Saúde – FILHOS, PAIS e COISAS MAIS – Atropelamentos à porta da escola – vamos evitá-los

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Os traumatismos por atropelamento à entrada e saída das escolas ou outras zonas frequentadas por crianças são um problema preocupante. Face a este problema tão conhecido, as medidas que mais correntemente se adoptam consistem na colocação de sinais à beira da estrada alertando os automobilistas para a aproximação do perigo

Meios utilizados

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Um meio utilizado é a pintura de passadeiras ou “zebras” no pavimento, complementadas ou não pela colocação de semáforos. A ideia da passadeira é concentrar para pontos específicos o uso comum da faixa de rodagem por peões e automóveis, dando prioridade aos peões. Uma das desvantagens deste método é não ser linear que as passadeiras sejam utilizadas correctamente, o que acontece com maior probabilidade se a passadeira não estiver posicionada no local de passagem natural/normal da zona. Geralmente a colocação de passadeiras é feita no papel por projectistas, sem considerar o comportamento real dos peões no local. No entanto, a mais importante desvantagem da passadeira é não garantir um comportamento correcto por parte dos condutores. Mesmo acrescentando um semáforo à passadeira, não existem garantias de comportamento seguro da parte de nenhum dos utentes da estrada, e muito menos da parte de grupos de crianças em idade escolar, concentrados em assuntos para eles muito mais interessantes do que o comportamento face ao trânsito.
Por mais voltas que se dêem em torno desta questão, não há dúvida que carros e crianças não combinam. Portanto, se não é possível separá-los totalmente, os automóveis têm que abrandar a sua velocidade, por mais que isso doa a alguns automobilistas donos de potentes viaturas. Mais cedo ou mais tarde, todos terão que aceitar este facto e adaptar o tráfico automóvel à realidade, tal como aconteceu noutros países com culturas automobilísticas mais antigas do que a nossa.
As medidas para acalmar o trânsito como a construção de lombas, porque inviabilizam a circulação a alta velocidade, reduzindo assim o risco de traumatismos, sem necessidade de induzir alterações no comportamento dos utentes da estrada. Quando concebidas correctamente, as lombas constituem um meio barato e eficaz para reduzir a velocidade, só que também não é fácil construir uma lomba “ideal” e, muitas vezes, levantam-se problemas por exemplo aos motociclos e bicicletas.

As dificuldades de travessia antes dos 12 anos

De qualquer modo, é bom que os pais saibam que, em média, antes dos 12 anos, uma criança poderá não ter maturidade para atravessar uma rua.
Assim, todos temos que colaborar para implementarmos as seguintes medidas:
·estabelecer zonas de controlo rigoroso de tráfego, nomeadamente em zonas residenciais ou na proximidade de escolas e zonas comerciais, com limitações à circulação, à velocidade e ao parqueamento e descarga de pas­sageiros;
· definir normas de segurança para entradas e saídas dos estabelecimentos de ensino;
· melhorar a sinalização e visibilidade das zonas de atravessamento (passadeiras e outras), impedindo o estacionamento nas zonas imediatamente antes e depois da passadeira;
· definir, com as próprias crianças, “caminhos seguros” de e para a escola com a colaboração das escolas, autarquias e pais;
· respeitar os percursos naturais das pessoas, designadamente no que se refere à relação entre passadeiras e passagens, por um lado, e paragens de transportes públicos, entradas de estabelecimentos, etc, pelo outro.
· Exercer maior controlo e ser menos permissivo em relação às transgressões ao código da estrada, designadamente a falta de respeito pelos peões.
É fundamental a “educação rodoviária”, que se exerce como passageiros, condutores e peões. Mas, para tal, é preciso ensinar os filhos a andar na rua… mas darmos nós próprios exemplos correctos e imitáveis.

Mário Cordeiro
Pediatra

mario.cordeiro@netcabo.pt

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