É com satisfação e orgulho que vejo uma figura tão querida como o Zé Povinho, na sua aparição semanal da Gazeta das Caldas, enaltecer o feito de um grupo de alunos da Escola Secundária Raul Proença. Pena é que, na sua crónica de 2 de Julho, tenha dito que eram alunos finalistas da Escola Secundária Rafael (?) quando, afinal, eram alunos da Escola Secundária Raul Proença… Com os seus vetustos 135 anos de idade, até se lhe desculpam certas confusões, mas o mesmo não se aplica a quem o mantém semanalmente vivo, num jornal que se orgulha do seu rigor informativo.
Para além da “gralha”, que se resolve com uma simples rectificação, o mais importante é, à semelhança do que fizeram os alunos da Raul Proença com as radiofrequências, desmontar alguns mitos, verdadeiros preconceitos, que inquinam toda a discussão sobre educação em geral e, muito em especial, sobre a escola pública em Portugal. Não sendo um especialista em educação, compreende-se que Zé Povinho diga «que num panorama na Educação onde graça o facilitismo, a burocracia e a pressão das estatísticas para o aproveitamento a todo o custo, há alunos que trabalham e aprendem…», o que, não sendo mentira, peca por simplista e oculta uma grande parte da verdade. É o “politicamente correcto” a que nem Zé Povinho parece escapar, é o deita abaixo em cujo barco facilmente embarcam os que estão seriamente preocupados com a educação pública em Portugal, como será o caso, certamente, de Zé Povinho, à mistura com os que estão mais interessados na sua ruína, em benefício de interesses da concorrência.
Os alunos do grupo “iFrequency”, que ganhou o “Prémio monIT”, poderão ser geniais mas não são extraterrestres! São jovens caldenses, concluíram o 12º ano numa escola pública da cidade, a Escola Secundária Raul Proença e (se tiverem dúvidas perguntem-lhes), não foi com facilitismo ou por pressão das estatísticas que atingiram todos um elevado nível de desempenho académico. São alunos que trabalharam e aprenderam, como muito bem disse Zé Povinho, porque, para além das suas óbvias capacidades, tiveram professores competentes e empenhados, foram apoiados e incentivados no desenvolvimento dos seus projecto e, sobretudo, encontraram, não num qualquer “S. João de Brito”, mas numa simples escola pública da província, as condições que permitiram desenvolver a sua criatividade. Outros exemplos servirão para confirmar que este sucesso não é uma excepção mas sim a regra. Neste mesmo ano lectivo que agora termina, um autêntico ano de ouro para a Escola Secundária Raul Proença, outro grupo de alunos, neste caso do 9º ano, ganhou as Olimpíadas de Física, indo representar Portugal nas Olimpíadas Europeias de Ciência que terão lugar, em 2011, na República Checa, um feito inédito ao qual Zé Povinho, estou certo, não deixará de tirar o chapéu.
Mas não é apenas na área das ciências e tecnologias ou no estrito plano curricular que a Escola Secundária Raul Proença se destaca. Por exemplo, o nosso Núcleo Escolar de Teatro acaba de participar, com a peça “Filoctetes” do dramaturgo grego Sófocles, no XII Festival Internacional de Teatro de Tema Clássico organizado pelo Instituto de Estudos Clássicos – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
São estas coisas e não a promessa de notas altas com facilitismo, que faz com que a Escola Secundária Raul Proença continue a ser muito pretendida por alunos e famílias, de tal modo que, correspondendo a uma procura crescente, no próximo ano lectivo passará a ter a área de Ciências Socioeconómicas, completando assim a sua oferta educativa de prosseguimento de estudo no nível de ensino secundário. É o que acontece quando, acreditando nas potencialidades dos jovens, se combina o trabalho de bons profissionais da educação com um Projecto Educativo claro e uma liderança forte e determinada.
Pela parte que nos toca, esperamos continuar a dar muitas alegrias ao Zé Povinho.
Edgar Ximenes
Presidente do Conselho Geral da Escola Secundária Raul Proença
NR – Uma lamentável gralha levou a que na rubrica “A Semana do Zé Povinho” da semana passada, se tivesse escrito “Escola Rafael” em vez de “Escola Secundária Raul Proença”. As nossas desculpas aos visados.
































