Esclarecimento sobre algumas afirmações produzidas pelo Ex.º Presidente do CA do CHO, invocando o meu nome, e publicadas na Gazeta das Caldas de 15 de Março de 2013

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Notícias das Caldas Lamentamos os encerramentos do Hospital Termal e a ausência de relançamento do Termalismo Caldense que são motivo de angústia colectiva e individual.

Tendo sido publicadas algumas palavras atribuídas ao Exº Presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) – relacionadas com o CA que eu, no passado, coordenei – que são, em meu entender, incorrectas – inclusive do ponto de vista técnico, passarei a expor o seguinte:

As Aduções I :
Em 29 de Dezembro de 1998, o Ministério da Saúde deliberou, na sequência do Hospital Termal estar contaminado, havia cerca de dois anos, com Pseudomona Aeruginosa, atribuir a empresa externa especializada – a resolução desse problema através de contratação desencadeada pela Direcção Geral de Instalações e Equipamentos em Saúde (DGIES). Assim, durante 1999 (e não em 2002) foram instaladas duas Aduções em Polietileno de Alta Densidade (PEAD), ligando o único furo disponível então (AC2) ao Hospital Termal. A instalação das Aduções em PEAD foi pois implementada sob a responsabilidade da DGIES/DRIES que abriu o respectivo Concurso e não em 2002 pelo CA do então CHCR – como dão a entender as palavras publicadas e atribuídas ao Exº Presidente do Conselho de Administração do CHO.

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A empresa apresentou, em Dezembro de 1999, um projecto para a canalização, também em Polietileno, de distribuição no interior do Hospital Termal, mas acabaria por se estabelecer consenso com o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha (assessorado por todos os responsáveis técnicos pela área termal), e com a DGIES, que seria preferível utilizar o Inox316L com rede paralela para desinfecção com vapor de água a 100-120º centígrados – atento o facto que garantia uma descontaminação a 100% – e dado que o polietileno não suportaria temperaturas muito elevadas sem consequências negativas.

O Depósito I:
Transparece da notícia supracitada que o Exº Presidente do Conselho de Administração do CHO parece defender que afinal o “ovo de Colombo” para evitar contaminações com Legionella em estabelecimentos termais é a existência de um depósito para a água termal. Em consequência parece poder tirar-se a ilação de que para o Exº Presidente do Conselho de Administração do CHO é indiferente se a canalização é em Inox ou em Polietileno.
Temos opinião diferente. O Polietileno tem porosidade própria que facilita o aparecimento expontâneo destas bactérias (quer Legionella quer Pseudomona) que se protegem com biofilmes sendo mais difícil de garantir a melhor descontaminação possível.
Mantenho pois a opinião que tenho defendido. Um depósito só por si não é o “Alfa e o Ómega” para resolver as contaminações. Uma canalização em Inox316L (em lugar de Polietileno) acompanhada de outra para a vaporização e do(s) depósito)s necessários é a solução que melhor salvaguarda a prevenção de contaminações.
E estou acompanhado com a opinião de bacteriologistas e de bibliografia sobre a matéria.

As Aduções II e o Depósito II:
Após em 2003 e 2004 estarmos mobilizados para a execução de uma nova captação e recuperação de duas mais antigas (só depois faria sentido um Projecto global para todas as Aduções), aquando da contaminação (2004-2005) por Legionella, o Hospital Termal foi visitado pelo Centro Regional de Saúde Pública e, em consequência das recomendações e conclusões que surgiram, decidiu-se implementar várias medidas tidas como mais urgentes. Tais como: intervenções profundas nas subestações de recolha e distribuição da água termal (no interior do Hospital) reconstruindo praticamente toda a subestação 1, desde a cobertura até à cave, com a colocação de depósito e ventilação com extracção para o exterior; reformulação do sector de ventilação do Sector de Inalações; instalação de válvulas anti-retorno, etc.
Só em Dezembro de 2005 conseguimos reabrir, mas ficámos com a directiva, do Centro Regional de Saúde Pública, de reduzir ao máximo o risco de contaminação com a substituição futura da rede de aduções em Polietileno por outra nova em Inox 316L e canalização paralela para o vapor de água, bem como a colocação de depósito(s). Solução que foi consensual também para todos os técnicos responsáveis pela área termal do CHCR.

As Aduções III e o Depósito III:
Desde 2005 a 2008 foram -se aperfeiçoando as soluções e eliminando cenários que pareceram mais inadequados. Por exemplo uma central de abastecimento com depósitos junto ao antigo depósito de água salgada na Mata foi posta de lado, entre outras razões, devido à sua vulnerabilidade a ataques de vandalismo.
Em 2008 foi apresentado ao Conselho de Administração uma proposta para abertura de Concurso para a rede de aduções em Inox 316L e respectiva canalização paralela para o vapor de água, bem como a colocação de depósito(s), depois de estabelecido consenso com todos os Técnicos com responsabilidade na área Termal. Entretanto surgiu, como se sabe a hipótese de Candidatura, em parceria com a Câmara, a verbas do Provere e o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, de imediato submeteu (entre outros) o Projecto supracitado. Pouco depois fomos informados que a Candidatura teria sido aceite, coincidindo com a altura em que me aposentei.

Conclusão:
Seria desejável, que se assumisse as responsabilidades do presente, com os olhos virados para o futuro, e sempre bem alicerçadas tecnicamente. Foi o que procuramos fazer no nosso tempo.
Mas, o importante agora é o Futuro do Termalismo nas Caldas.
Estaremos sempre disponíveis para qualquer esclarecimento ou contributo para se encontrarem as melhores soluções para o Termalismo Caldense.
As pessoas passam e as Instituições ficam. As administrações hospitalares devem procurar olhar em frente, dignificando a Instituição e fazer com que esta caminhe adequadamente servindo os cidadãos. Esperemos que a actual se concentre no que lhe compete, assim podendo estar á altura dos pergaminhos de serviço público dos Hospitais das Caldas da Rainha.

Por: Vasco Trancoso*
* Ex-presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha

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