Existem pessoas que sempre foram reativas, pessoas que facilmente agem negativamente em resposta ao comportamento do outro. Mas, ultimamente, tem escalado outra forma de reatividade – a emocional – que se caracteriza pelo alto grau de reação emocional nas diferentes situações.
Não sei se será por todas estas expectativas que vamos criando no decurso da nossa vida, se devido à situação atípica que vivemos, ao receio do amanhã que não conseguimos controlar, a verdade é que estamos muito mais reativos emocionalmente. Nas redes sociais já se vinham a desenhar estes contornos. Mas a verdade é que estes foram transportados para as nossas relações e para diferentes situações do quotidiano. Talvez porque somos reflexo do que vivemos, não só de situações positivas, mas também das negativas.
As formas de reagir emocionalmente podem ser distintas. Há quem sofra calado e a remoer ou deprimindo e há quem apresente um comportamento exaltado, grita ou insulta quando fica com raiva ou contra-ataca quando é colocado sob pressão. Afeta-o o que os outros dizem e acaba por ter uma forte resposta negativa. Discussões com raiva em que alguém se tenta mostrar mais certo do que o outro são um sinal de descontrole e não de inteligência.
Queixamo-nos que os miúdos estão cada vez mais imaturos, mal-educados e que não sabem lidar com a frustração. Estudos indicam que a reatividade emocional e a ansiedade que surgem na adolescência estão associadas a sintomas depressivos. Por detrás existe também um vazio existencial, sentimentos de solidão e a ideia constante de que ninguém os entende. Tudo isso é um terreno fértil para as perturbações de humor.
Ando stressado/a, sem paciência, sem motivação … são frases fáceis com as quais nos temos vindo a deparar. E sendo a reatividade um mecanismo de defesa que deriva do medo, as pessoas, por insegurança, atacam para se defenderem. A culpa morre no outro e nunca em nós, porque nós podemos estar emocionalmente desgastados, mas o outro não; nós podemos errar, mas o outro não; nós estamos a fazer tudo com as condições que temos, mas o outro não.
Quando nos vendem expetativas altas em relação a algo, situação ou a alguém, o confronto com a realidade nem sempre é pacífico. Quando estamos e apontamos tanto os defeitos e as falhas, facilmente ensinamos que é este o caminho e facilmente o reverso aparece.
Livrarmo-nos deste comportamento ou conduta requer tomada de consciência de como agimos ou reagimos, de seguida muito trabalho e vontade de evoluir pois o autocontrole não aparece de um dia para o outro. Um processo possível para os humildes de coração e muito difícil para aqueles que já se acham muito bons. Citando Kafka, “todos os erros humanos são fruto da impaciência”. ■
Emoções à flor da pele
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