Cristina Teotónio

Caros leitores
Constitui uma grata honra o convite para colaborar nesta publicação.
Não sendo propriamente expert em comunicação nem letrada, tentarei aproveitar este espaço para reflexão e sensibilização na área da saúde, como profissional da mesma.
O rápido desenvolvimento das tecnologias de informação permite atualmente a célere difusão do conhecimento embora, por vezes, em alguns aspetos, pouco preciso.
Nesta altura do ano, tão propicia a gripes e outras afeções respiratórias parece-me adequado fazer alguma reflexão sobre o tema.  A descoberta da penicilina em 1928 por Alexander Fleming, com a posterior atribuição do prémio Nobel da Medicina em 1945, foi um dos maiores marcos da História da Medicina. Desde então, e ao longo dos tempos, foi progressiva a descoberta e produção em massa de novos antibióticos que mudaram o paradigma das infeções outrora não tratáveis. No entanto, é crescente o desenvolvimento de resistências aos antimicrobianos, assistindo-se ao surgimento de estirpes consideradas multirresistentes ou extremamente resistentes e consequentemente intratáveis. Estas constituem, no panorama atual, enorme preocupação para clínicos, nomeadamente epidemiologistas e infeciologistas, bem como uma ameaça de saúde pública. Por algum motivo um dos recentes alertas da WHO (World Health Organization) refere que “O nosso tempo com antibióticos está a terminar”. Não têm nos últimos anos surgido novas moléculas nem tal é previsível a curto/médio prazo.  Para tal situação tem contribuído o uso e abuso deste tipo de medicamentos, não só na área médica mas seguramente em outras, como agropecuária, alimentar e veterinária. O tema é de tal modo ameaçador que motivou o desenvolvimento de políticas de prescrição de antibióticos e de comissões de vigilância de prescrição dos mesmos. Em tempo de frio, a maioria das afeções das vias respiratórias são de etiologia viral, na sus maioria relacionadas com o vírus da gripe ou o vírus sincicial respiratório, não justificando por tal o recurso a antibióticos para o seu tratamento, exceto em situações em que patologia ou comorbilidades associadas assim o determinem. Assim, gostaria de transmitir a mensagem da necessidade do uso racional de antibióticos, do respeito rigoroso pela sua prescrição por um médico, em número de dias e horário de tomas, tentando deste modo sensibilizar as populações para conter esta tremenda ameaça da multirresistência. Fica a reflexão, esperando conseguir pela menos despertar as consciências para tal facto.

- publicidade -