Editorial: Natal inesperado

0
488

José Luiz de Almeida Silva

Estamos a viver um Natal, pela primeira vez neste quase último século, em guerra na Europa desde o fim da II Grande Guerra em 1945, não considerando os conflitos nacionalistas e étnicos ocorridos depois da queda do Muro de Berlim. Isto não significa que não tenham havido muitos outros conflitos armados, como inclusivamente nós portugueses estivemos também envolvidos, como a Guerra Colonial, em que os Natais tinham também um significado especial e doloroso para muitas famílias.
Esta guerra provocada pela invasão da Rússia à Ucrânia tem e vai continuar a ter um custo elevado em todo o mundo, quer na instabilidade que provoca, quer nos custos que acarreta, demonstrados pela inflação e pela redução no abastecimento de recursos.
Dizia-se nas últimas décadas que a riqueza das nações estava no saber e no conhecimento, mas esta guerra demonstrou que também ainda está no domínio dos recursos materiais, das matérias-primas à energia e aos recursos alimentares básicos nomeadamente, os cereais e adubos.
Diz-se que o Natal é tempo de Paz e de Reconciliação, de Encontro e de Partilha, mas o que vemos é que não há nenhuma instância qualificada e autorizada para evitar a carnificina que assistimos diariamente na Ucrânia, com a perda de recursos e o desperdício de milhões em armas. Provavelmente o que se perdeu e se vai continuar a perder na Ucrânia, como em guerras regionais em várias partes do mundo, daria para orientar e resolver muitas das carências e problemas que todo o mundo vive.
É com grande pesar que estas palavras neste Natal são proferidas desta maneira, com um misto de tristeza e esperança, desafiando cada um de nós a lutar pela consciencialização de que é possível e necessário fazer diferente, mais e melhor. Bom Natal e Feliz Ano Novo de 2023.

- publicidade -