Editorial: Gazeta das Caldas: quase centenária

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João Palmeiro
presidente da Associação Portuguesa de Imprensa

As minhas primeiras palavras são para a comunidade da Gazeta das Caldas, leitores, anunciantes, jornalistas e outros trabalhadores, proprietários de um jornal que completa, no dia 1 de outubro, 97 anos de existência.
Daqui a três anos esperamos acolher, em Alcáçovas, o semanário Gazeta das Caldas para se juntar às restantes publicações com 100 ou mais anos em publicação contínua, no Observatório dos Jornais Centenários.
A Imprensa Regional, hoje em pleno século XXI é, em Portugal, uma das mais promissoras atividades empresariais e com reconhecimento de interesse público.
A Imprensa Regional Portuguesa, centenária e hiperlocal atravessou nos últimos anos um período de procura de identidade empresarial em que jornais como a Gazeta das Caldas tiveram um papel determinante.
Primeiro porque compreendeu o papel que tinha de desempenhar na sociedade de proxi-midade e que esse papel não se limitava a recolher, tratar e difundir notícias e porque enfrentando a crise percebeu que o seu equilíbrio residia, antes de mais, na valorização do que lhe estava próximo, passando para o mundo digital a oportunidade da expansão empresarial.
O resultado desta visão está no reconhecimento pela comunidade das Caldas da Rainha e pelos leitores do jornal, do seu papel de valorização e apoio ao desenvolvimento de toda uma região.
Em 2021 a Associação Portuguesa de Imprensa decidiu instituir e comemorar o Ano da Imprensa Regional, com o objetivo de chamar a atenção para a importância dos títulos locais e regionais, os mais frágeis de toda a imprensa, apesar de serem aqueles que estão mais próximos das pessoas e cobrirem a totalidade do país e não apenas as principais cidades portuguesas. O nosso lema foi, e continuará a ser, “Todos precisamos da Imprensa Regional”.
Por ocasião dos 97 anos da Gazeta das Caldas, não podemos deixar de continuar a apostar na imprensa regional como elemento de democratização da informação, elo de ligação entre aqueles que estão fora e as suas terras de origem, único meio de saber o que acontece localmente, porta privilegiada para o desenvolvimento económico e trocas empresariais e turísticas. É informação de proximidade que deve permanecer como tal, não deixando de inovar, de responder aos desafios e de enfrentar todas as restrições e dificuldades que surgem.
Nos próximos anos, a Gazeta das Caldas vai enfrentar uma Europa cada vez mais digital que vai proporcionar um aprofundamento das notícias de proximidade que trarão novos anunciantes e novos leitores.
Com o mundo cada vez mais próximo de nós e com cada vez mais cidadãos a procurarem uma informação credível e editada, o jornal assumindo-se como curador dessa qualidade informativa vai precisar de pensar no seu papel e no seu lugar no mundo digital, que prevejo híbrido na escolha do leitor entre a edição em papel e a busca de toda uma informação digital, desde a net até aos smartphones, tanto pelos mais velhos como pelos mais novos.
Como sou um otimista, acredito que a informação jornalística livre e autónoma continua-rá a desempenhar o seu papel de agregadora social, ajudando os nossos filhos, netos e bisnetos a melhor se integrarem num mundo cada vez mais global, mas com escolhas sempre mais pessoais.
Os próximos anos vão ser decisivos para que em 2025, ao festejar o seu centésimo ani-versário, a Gazeta das Caldas seja uma marca de qualidade e interesse, uma memória viva suas gentes portuguesas e das comunidades espalhadas pelo Mundo.
Muitos parabéns por mais um aniversário e conto com todos para superar os desafios do futuro.

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