José Luiz de Almeida Silva
diretor
Faltam 156 edições para chegarmos ao centenário, ou seja, assinalarmos nesse momento a publicação da 5610ª edição desde que o jornal chegou às bancas em 1 de outubro de 1925.
Como se dizia nesse ano pelos fundadores, antes da implantação da ditadura e da censura, o jornal assumia-se “livre, em absoluto, de toda a política de partidarismos, procurará servir os interesses da região, chamando a si todas as ideias, venham de onde vierem, que concorram para o seu progresso incessante.”
Contudo reafirmava que “não nos movem inimizades, não nos sacodem vaidosos desejos de grandeza. Estamos convencidos de que, com a nossa presença preenchemos uma lacuna; e, assim, saudamos os habitantes das Caldas e sua região, com o desejo de trabalho fecundo e progresso contínuo.”
Estes propósitos foram reafirmados há quase meio século, no nosso Estatuto Editorial, depois do período conturbado em que se assistiu a um alinhamento do jornal com a situação dominante, em que reafirmávamos o “dever de respeitar a verdade e a justiça, não privilegiando interesses político-partidários, económicos sociais ou religiosos”.
Daí que se dissesse que “o jornal será o lídimo representante do querer local e da afirmação dos princípios da Democracia representativa e da Liberdade de pensamento e de acão, num espírito de partilha e de solidariedade que dê as mesmas oportunidades a todos, independentemente da sua origem”, o que consideramos objetivos atuais e que deverão ser re-escritos com letras de ouro na edição do centenário, dentro de três anos.
Não devemos esquecer que em termos jornalísticos nos propusemos e continuamos a pugnar por “respeitar os princípios deontológicos e de ética profissional, tanto dos jornalistas bem como o direito dos leitores a uma informação séria e objetiva”.
Felizmente para as Caldas da Rainha, para a região e mesmo para o panorama da imprensa nacional, foi possível manter este título ao longo já de 97 anos, fora algumas pequenas interrupções acontecidas antes do 25 de Abril de 1974, fruto das vicissitudes da época, elevando o projeto para quase centenário, coisa rara no panorama associativo, empresarial e especialmente da imprensa, onde a maioria fica pelo caminho não conseguindo atingir esta meta.
Por tudo isto, e reforçando o cumprimento do estatuto editorial, não nos reconhecemos em práticas ou afirmações, em que o jornal é utilizado de forma mais capciosa, invetivando responsáveis por razões do foro pessoal ou de história de vida, que não podem ser invocados numa sociedade democrática e aberta. O próprio jornal não reconhece pergaminhos ou dons de origem económica, cultural e social (que muitas vezes nem existem) a quem quer que seja, para desvalorizar terceiros e destratar o seu percurso profissional, político, ético ou social.
Em momento difícil da situação mundial, quando as crises se sucedem, desde a troika na sequência do sub-prime nos EUA, seguida da pandemia com origem na China quando tudo parecia estar a compor-se, para no final virmos a enfrentar uma mini guerra mundial, agora surgida entre a Rússia e a Ucrânia, que se pode prolongar por mais tempo, e aprofundar os problemas económicos e sociais, em todo o mundo e não apenas nos países da Europa mediterrânica, Gazeta das Caldas vai resistir.
A equipa que hoje produz o jornal, em todas as suas dimensões, pois a sustentabilidade económica é também hoje um valor central e vital, a juntar à credibilidade jornalística, assume o compromisso de criar em cada dia um jornal novo e melhor. O número do centenário poderá ser a edição mais jovem e interativa de toda a história.
É isso que faremos sabendo que apenas faltam menos de 3% das edições já realizadas para chegarmos ao histórico nº 5.610.
































