Editorial: Falta algo à feira centenária…

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José Luiz de Almeida Silva

José Luiz de Almeida Silva

Recordo há várias décadas que o 15 de Agosto nas Caldas, era o “dia da sua romaria”, onde a tradicional e centenária feira era a atração principal, a que se juntava a corrida de touros e a feira do gado, todo o comércio aberto e a venda de bugigangas e apetrechos para a lida rural ou da casa, para além dos espetáculos de circo, carrocéis e muito mais.
Bem cedo começavam os forasteiros a chegar, através do comboio, das carreiras de autocarros e de excursões atraídas pela cidade mais movimentada da região. As ruas da cidade ficavam plenas de gente, que a percorriam freneticamente, as lojas faziam os recordes de venda nesse dia e o ruído dos carros a propagandear espetáculos era intenso.
Até altas horas da noite, ninguém parava. Na tradicional feira do 15 de Agosto, para além das tendas de utilidades, dos vendedores de gravatas e de semente de nabo, havia as afamadas barracas dos tiros ao alvo, as quermesses, as tendas de bebidas e comidas, tudo à altura para o custo de vida desses tempos. Qualquer caldense que se prezasse ia à feira de manhã, à tarde e outra vez à noite, repetindo as idas nos outros dias da feira.
Atravessámos hoje a cidade quase deserta, na estação de caminho de ferro e na rodoviária não se via ninguém, a praça da fruta em serviços mínimos, apenas algum fluxo de automóveis particulares na direção da feira tradicional. Esta também em quase serviços mínimos, pouco se diferenciando do mercado das segundas-feiras, alguma confusão nos estacionamentos e quase silêncio sepulcral, entrecortado com gritos dos vendedores. Apesar de este ano ter havido promoção antecipada, até com cartaz apropriado, falta qualquer coisa na feira do séc. XXI. Ainda atrai alguma gente e estrangeiros (muitos portugueses emigrados), mas é preciso descobrir essa qualquer coisa que falta e que pode rejuvenescer a centenária feira… ■

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