Vítor Ilharco
Personal Trainer
As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de mortalidade no mundo, responsáveis por cerca de 17,9 milhões de mortes, e também lideram a mortalidade em Portugal – 28% das mortes a nível nacional. De todas as doenças cardiovasculares, o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC) justificam 85% desses números. A maioria destes casos poderia ser prevenida através de mudanças no estilo de vida e a atividade física ocupa o topo dessa lista.
O corpo humano foi feito para o movimento. Quando se mexe, o coração torna-se mais eficiente, o sangue circula melhor, e os vasos sanguíneos mantêm-se elásticos. O exercício ajuda a controlar a pressão arterial, melhora o perfil lipídico – aumentando o HDL (bom colesterol) e reduzindo o LDL (mau colesterol) e triglicerídeos – e regula a glicémia, prevenindo a diabetes tipo 2. Além disso, reduz a inflamação sistémica e melhora a função endotelial, dois mecanismos centrais na prevenção da aterosclerose — a causa principal do enfarte e do AVC.
As evidências são claras: indivíduos fisicamente ativos têm menos incidência e menor probabilidade de morte por doença cardiovascular. Praticar atividade física moderada a vigorosa reduz o risco de doença coronária, isquemia cardíaca e enfarte em até 75%, comparando com pessoas inativas. E, mesmo quando não se cumpre o total das recomendações, fazer algo é sempre melhor do que não fazer nada.
O exercício não precisa de ser complexo: caminhar a bom ritmo, pedalar, nadar, dançar ou subir escadas são gestos simples que acumulam grandes benefícios. O ideal é alcançar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana, podendo ser repartidos em blocos curtos de 10 a 15 minutos. Acrescentar treino de força duas vezes por semana reforça ainda mais a proteção cardiovascular.
Mas o movimento não se resume ao treino. O comportamento sedentário — longos períodos sentado ou deitado — é, por si só, um fator de risco. Mesmo quem cumpre as recomendações de exercício irá ter um risco aumentado de doenças cardiovasculares se for sedentário no resto do dia. Por isso, levantar-se regularmente, caminhar um pouco entre tarefas ou trocar o carro por pequenas deslocações a pé faz uma diferença real.
A ciência é inequívoca: o exercício é uma intervenção segura, acessível e eficaz. Não há outro “medicamento” capaz de reduzir simultaneamente o risco de enfarte, AVC, diabetes e hipertensã. O desafio é simples: mexer-se mais, sentar-se menos e fazê-lo de forma consistente. O seu coração agradecerá todos os minutos.

































