Teresa Lemos
Coordenadora do GEOTA
A 23 de novembro assinala-se o Dia da Floresta Autóctone, uma data que continua a ser pouco valorizada no nosso calendário, apesar da sua enorme importância ecológica. Esta data convida-nos a olhar para a nossa floresta nativa formada por espécies que compõem o património natural de Portugal, evoluíram no nosso território e desempenham um papel insubstituível na preservação dos ecossistemas nacionais. A floresta autóctone portuguesa é representada principalmente por carvalhos, azinheiras, medronheiros, castanheiros, loureiros, entre outras espécies. Naturalmente mais adaptadas às condições do solo e do clima português, são mais resistentes a pragas, doenças e longos períodos de seca ou chuvas intensas. Apesar do seu crescimento mais lento do que algumas espécies introduzidas, quando bem estabelecidas são mais resistentes e resilientes aos incêndios florestais.
Em Portugal, e em praticamente todo o clima mediterrânico, o período ideal para plantar árvores é o outono – ao serem plantadas nesta estação, as árvores beneficiam das chuvas, das temperaturas mais amenas e de um solo mais favorável ao enraizamento. Assim, crescem mais fortes e saudáveis, aumentando significativamente a sua taxa de sobrevivência.
A associação entre o Dia da Árvore e o Dia Internacional das Florestas, celebrados a 21 de março, e as ações de plantação é compreensível, no entanto, do ponto de vista ecológico, é inadequada. As jovens árvores plantadas nessa altura enfrentam os meses mais quentes e secos do ano sem terem ainda desenvolvido um sistema radicular suficientemente robusto para garantir a sua sobrevivência. Por isso, o Dia da Floresta Autóctone, ou o Dia Mundial da Bolota, que se celebrou a 10 de Novembro, são datas simbólicas que constituem uma excelente oportunidade para organizar ações de plantação de espécies nativas, nomeadamente de carvalhos e outras árvores de fruto seco que fazem parte do nosso património natural, mobilizando escolas, autarquias, associações e cidadãos. Estas datas não só dão protagonismo às espécies que verdadeiramente pertencem ao nosso território, como coincidem com o período ideal para plantar e restaurar os ecossistemas.
Valorizar estas datas é contribuir para uma gestão florestal mais responsável e sustentável. Plantar no momento certo é mais do que um gesto simbólico: é uma decisão responsável e eficaz.

































