Começamos hoje a ocupar um espaço regular na Gazeta das Caldas. Para aqueles que vão perder alguns minutos, se calhar apenas segundos, a ler-nos, gostaríamos, não sempre, mas ás vezes, de vos deixar de boca aberta. Ou porque o texto é mau (o que é uma séria hipótese) ou porque, por um segundo, vos demos alguma informação que não estavam à espera e vos fez pensar. Os temas são, na sua maioria, sobre saúde oral, mas, se algo lá fora nos deixar de boca aberta, de certeza que iremos falar sobre ele ou ela…
Nada como começar esta coluna falando de um facto curioso sobre a famosa saúde oral. Por alguma razão, a maioria das pessoas não inclui a saúde da boca no seu estado de saúde. Ou seja, quando perguntamos ás pessoas se são saudáveis, a maioria das pessoas diz sim. Se a seguir perguntarmos: e como está a sua boca? Ui, eis que começam as queixas…
Hoje em dia sabemos que há fortes possibilidades dos problemas crónicos da boca (cáries e doenças da gengiva) estejam relacionados com aumento do risco de algumas doenças e podem, na realidade, afectar a saúde geral. Embora esta relação não esteja completamente provada é certo que existem indícios, fortes, de que algo pode estar interligado.
Doenças como a diabetes, artrite, problemas cardíacos, doenças respiratórias, doenças imunológicas são, entre outras, situações que podem ser agravadas por uma má saúde oral. Quanto mais saudáveis forem as pessoas, mais hipóteses existem do tratamento ser eficaz e as possibilidades de existirem complicações diminui. Como os dentes e as gengivas são, muitas vezes, fontes de infecções, vale a pena mantê-los saudáveis.
Hoje em dia podemos afirmar que: a prevenção é o meio mais eficaz, menos dispendioso (em tempo de crise esta informação é muito importante) e que exige menos tecnologia para ser realmente eficaz na manutenção da saúde oral.
Historicamente, a gestão das doenças orais foi baseado na noção de que eram doenças progressivas que eventualmente destruiriam o dente ou a gengiva, a menos que houvesse uma intervenção reparadora. As decisões terapêuticas são muitas vezes baseadas no tratamento da lesão através de materiais restauradores ou intervenções clínicas.
Sabe-se agora que a intervenção clínica tradicional restauradora, por exemplo, na cárie dentária não pára o processo da doença, além disso, muitas lesões iniciais poderiam nunca progredir se o paciente fosse avisado e actuasse com medidas adicionais em casa. É de referir ainda que as restaurações dentárias têm uma longevidade finita. Portanto, uma gestão moderna da cárie dentária deve ser mais conservadora e inclui a detecção precoce de lesões, a identificação do risco de um indivíduo para a progressão da cárie, a compreensão do processo da doença nesse indivíduo, e a “vigilância activa” para aplicar medidas preventivas e monitorar com cuidado as áreas saudáveis ou progressão das lesões. Parece difícil? Nem por isso e as vantagens são óbvias…para todos.
Mário Rui Araújo
































