A maior parte da população, nacional e estrangeira, passa as suas férias em agosto. As férias são um tempo e um espaço diferente, construído a partir de novas sensações, cheiros e sabores! Saímos para férias do habitual casulo da vida quotidiana, definida em grande parte pelos espaços familiares da casa e do trabalho, com percursos urbanos rotineiros entre uma coisa e a outra, fazendo escala pelas escolas das crianças. As férias são, por isso, uma oportunidade para a descoberta de novos lugares, ouvir e falar outras línguas, encontrar pessoas novas e diferentes. Em férias andamos muito mais a pé e fazemos muito mais exercício físico ao ar livre e na água. Em férias convivemos também muito mais intensamente com a família, porque estamos juntos de manhã à noite, desfrutando a pausa no trabalho diário e o facto de as crianças não terem escola. Estar num outro lugar, imerso numa outra cultura, também cria um distanciamento crítico positivo relativamente à nossa própria vida.
É muito importante que as cidades e respectivos concelhos criem tempos e espaços para o lazer e o ócio, não só para os seus habitantes, mas também para os seus visitantes. Um dos elementos que definem a relevância dos concelhos e das cidades que lhe dão nome é a capacidade de atração de visitantes nacionais e estrangeiros. Quanto mais conhecida for a cidade e o concelho, maior é o seu potencial de desenvolvimento social e económico. Por causa disso, é cada vez mais relevante valorizar não só o património de cada cidade e concelho, aquilo que é único e específico, que não existe em mais nenhum lugar do mundo, mas também o património comum que os une e que todos juntos partilham.
Nos últimos 10 anos, o Oeste tem vindo a ganhar algum reconhecimento internacional como um lugar único, com potencial para proporcionar experiências e sensações inesquecíveis de hospitalidade, em grande parte por causa do surf nas praias de Peniche, mas também por causa das ondas gigantes da Nazaré. Caldas da Rainha é uma cidade e concelho central no território do Oeste norte, mas que, nos últimos 20 anos, não tem estado à altura de uma liderança activa relativamente aos desafios da internacionalização deste território. Apesar de a sua origem estar ligada à criação do hospital termal mais antigo do mundo, cuja água é um dos elementos fundamentais de todo o património hidrogeológico do Oeste, a verdade é que ainda não se percebeu o enorme potencial turístico de ligar a água termal ao mar e ao surf, criando um projecto colectivo com escala territorial a nível internacional. Em larga medida, este é um problema de vazio de liderança política esclarecida na articulação intermunicipal, com cada uma das cidades e concelhos virados apenas para si próprios, para os seus eleitores, para o seu próprio umbigo. O património hidrogeológico do Oeste tem um enorme potencial de afirmação à escala internacional, mas há um vazio de vontade e liderança política na sua valorização territorial integrada a todos os níveis. Desta maneira, todos perdem, habitantes e visitantes! Para haver mudanças qualitativas é preciso eleger novas ideias e novas lideranças!
DAS CALDAS AO OESTE | Querido Agosto !!
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