Das Caldas ao Oeste – O parque tecnológico das Caldas

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Quem sobe a Avenida Luís Paiva e Sousa nas Caldas da Rainha,  vindo da rotunda do Cencal para a rotunda da chamada ‘Fonte luminosa’, encontra do lado direito, depois da delegação da Agência Portuguesa do Ambiente e de uma enorme placa a dizer ‘Vende-se’, uma urbanização vazia e abandonada que constitui um verdadeiro crime ambiental. Essa urbanização foi concebida e promovida pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha com o intuito de fixar empresas de base tecnológica, sendo da sua inteira responsabilidade o estado de abandono e degradação ambiental que todos os caldenses podem presenciar.  Por ironia do destino ficou implantada imediatamente após a delegação da Agência Portuguesa do Ambiente.
Existem candeeiros públicos e lancis em pedra a definir os arruamentos, mas não existem pavimentos nem passeios. Há apenas cascalho, pedras, areia e erva que cresce por todo o lado, na qual se alojam e reproduzem ratos e outros animais infestantes mais pequenos, como pulgas e baratas.  As crianças do Bairro da Ponte que moram na parte superior desta urbanização falhada têm de atravessar estas ruas sem as condições mínimas de segurança e higiene urbanas, pondo em perigo a sua saúde a caminho da Escola Raul Proença ou do Colégio Rainha Dª Leonor. Esta urbanização é um verdadeiro atentado à saúde pública, mas as autoridades responsáveis parecem assobiar e olhar para o lado, nada fazendo para cumprir os preceitos legais e criar condições ambientais minimamente dignas para a circulação dos cidadãos caldenses que a pretendam atravessar.
Uma urbanização concebida e promovida pela Câmara Municipal deveria ser, por maioria de razão, uma urbanização exemplar. A verdade é que é exactamente o oposto que se verifica. A Câmara Municipal oferece, com a sua actuação urbanística, um péssimo sinal a todos os agentes económicos que pretendam promover, no futuro, novas urbanizações e loteamentos. Com que cara é que a Câmara Municipal irá amanhã exigir aos agentes económicos que cumpram a Lei, construindo e acabando todas as infra-estruturas incluindo arruamentos, se ela própria não o faz ? Toda a actuação urbanística da Câmara Municipal na concepção, promoção e construção do chamado ‘parque tecnológico’ é de uma enorme fragilidade política, que mina toda a sua autoridade pública no presente e no futuro. E isto deveria constituir um sinal de alerta para todos. E não motivo de indiferença e assobios para o lado.
Em 26 de abril de 2010 o actual Senhor Vice-presidente da Câmara Municipal, na altura vereador dos assuntos económicos, declarava à TVI 24 que “os oito lotes destinados a empresas não poluentes contam já com candidaturas aprovadas para empresas de novas tecnologias que a autarquia gostaria de ver ali instaladas já no próximo ano. (…) As oito empresas e um restaurante deverão criar cerca de 100 postos de trabalho, na área das soluções tecnológicas. (…) Face ao interesse manifestado pelas empresas, a autarquia está já a equacionar a criação de um outro pequeno núcleo vocacionado para os serviços e outros noutras áreas em que haja interesse”, concluía o Dr. Hugo Oliveira, acrescentando ainda que “a Câmara das Caldas da Rainha está a construir um Parque Empresarial de base Tecnológica, numa zona central da cidade, com o objectivo de potenciar a convivência social”.
Passados cinco anos, o resultado está à vista de todos: não há uma única empresa instalada, nem a urbanização foi sequer acabada. Resta acrescentar que houve um contrato de financiamento público europeu, integrado no programa ‘Mais Centro’, no valor de 554.179,26 euros. Eu, tal como muitos outros caldenses, temos toda a legitimidade para perguntar: — ‘Para onde foi o dinheiro e todo o investimento, se a urbanização nem sequer está acabada? Quando é que a Câmara Municipal executa os pavimentos das ruas e passeios, terminando os restantes acabamentos da urbanização? Quando é que acabamos com esta gestão danosa?’
Jaime Neto
jaimemr.neto@gmail.com

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