Caldas da Rainha e Torres Vedras são os maiores e mais importantes centros urbanos do Oeste: Caldas da Rainha a norte e Torres Vedras a sul. Em larga medida, Caldas e Torres polarizam e influenciam todo um conjunto de relações e fluxos com as restantes dez cidades e sedes de concelho: Alcobaça, Nazaré, Óbidos, Peniche, Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Alenquer, Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte Agraço. O Oeste constitui um Núcleo de Unidade Territorial, para fins estatísticos, de nível 3 (NUT III), com cerca de 360 000 habitantes e 2486 Km2. O Oeste é uma sub-região recente, fortemente dependente da Área Metropolitana de Lisboa. Aliwás, até 2002, o Oeste pertenceu à designada Região de Lisboa e Vale do Tejo. Por razões de conveniência no acesso aos fundos estruturais europeus, pertence hoje à Região Centro. Esta mudança foi também um dos factores, entre outros, de crise de identidade no processo de crescimento e afirmação do Oeste.
O Oeste chegou à adolescência e deve começar a preparar-se para a vida adulta. Mas continua ainda em processo de crescimento, na busca de uma identidade própria que lhe ofereça reconhecimento político, social e económico, factor fundamental para a afirmação da sua autonomia sub-regional. Neste contexto de afirmação à escala regional e nacional, trampolim indispensável para a sua desejável internacionalização, as Caldas da Rainha e Torres Vedras devem desempenhar um importante papel de liderança, tendo em conta que são os nós principais da rede que constitui o sistema urbano do Oeste. Os projectos e as políticas urbanas para a cidade e concelho das Caldas da Rainha, por exemplo, têm um determinado impacto social e económico, positivo ou negativo consoante as políticas, não só para os habitantes do território concelhio mas também para todos os outros que habitam o Oeste Norte. A ausência de respostas e políticas urbanas para esta realidade aumentada geram, por outro lado, frustração nos agentes económicos e sociais, alimentando a dispersão de esforços e o desinvestimento. Ou então, e isto aconteceu muitas vezes no passado, a eclosão de investimentos dispersos sem uma escala territorial adequada.
O futuro do Oeste depende, em larga medida, das iniciativas e liderança responsável das Caldas da Rainha e Torres Vedras em termos de projectos e políticas intermuncipais mais articuladas e conscientes do seu impacto territorial. Nomeadamente ao nível dos sistemas de mobilidade e Transportes, mas também ao nível da Educação, Saúde e Cultura. O objectivo genérico das políticas integradas deverá ser o fortalecimento da identidade territorial do Oeste, atraindo visitantes e favorecendo a fixação de novos agentes económicos (empresas e famílias). Esta atitude política mais alargada favorece também o desenvolvimento do ‘trabalho de casa’ de cada uma das autarquias: criar mais e melhores relações, ligações e fluxos entre a vida na sede do concelho e a vida nas vilas e aldeias que constituem o sistema urbano concelhio. Os centros urbanos das freguesias são também centros históricos das Caldas da Rainha e devem, por isso, ter a atenção e o investimento necessários para o reforço da sua identidade social e económica, corrigindo os erros e lacunas do passado. O novo Quadro Estratégico Europeu 2014-2020, enquadrado pelo Programa Oeste 2020, deverá também ser utilizado para este fim.
Termino agradecendo o honroso convite da Gazeta das Caldas, esperando que esta e as outras futuras Crónicas das Caldas e Oeste possam merecer a atenção junto dos seus leitores, promovendo a reflexão e o debate aberto e alargado.
Jaime Neto
jaimemr.neto@gmail.com
































