Foi excelente a ideia de publicar um número especial da Gazeta das Caldas com o fac-símile da sua edição de 28-8-1927 assinalando a elevação da vila das Caldas da Rainha à categoria de cidade. Ao mesmo tempo que releio com orgulho o decreto assinado pelos membros do Governo e pelo presidente Carmona em 11 de Agosto de 1927, recordei memórias antigas de outros 15 de Agosto. Lembro o tempo em que as pessoas levavam o gado apenas para fazer a feira maior nas Caldas e havia fotografias com enormes manchas de gado que afinal não estava à venda mas estava ali para que tudo parecesse em grande. E as pessoas até tinham razões para se zangarem com os poderes públicos, vidé o atraso da instalação da electricidade em Santa Catarina (era a SEOL, Sociedade Electrificadora do Oeste Lda, alguém se lembra?)
Ser das Caldas para mim era como ser de uma família que a gente não escolhe, nunca escolhe mas tem de aceitar, todas as barbearias e as tabernas tinham fotografias da equipa de futebol do Caldas que tinha chegado à primeira divisão. Foi nas Caldas que fiz os exames da terceira e a quarta classe ambos em 1961, foi nas Caldas que assentei praça em 24 de Abril de 1972. O ano passado vi entre horror e espanto um pobre maloio a tentar vender uma saca de batata espanhola, quem estava comigo não se apercebeu mas eu não deixei que o negócio se concretizasse. Este ano foram uns simpáticos vendedores de sapatos que estavam a impingir uns sapatos chineses ao meu pai. Diziam que eram bons mas não os calçavam porque dão borbulhas nos pés. Eu até tenho saudades dos sapatos que esses senhores compravam em Guimarães em saldo para os venderem na Feira do 15 de Agosto. Qualquer dia a Feira acaba mas como está não me deixa saudades e as Tasquinhas são uma maravilha. Nem se compara.
José do Carmo Francisco
































