O NASCIMENTO DE UM HOSPITAL
A Editora Saída de Emergência criou uma coleção intitulada “História de Portugal em Romances”, na qual está incluído o título “A Rainha Perfeitíssima”, da autoria de Paula Veiga. Este livro viu a sua 1.ª edição em Janeiro de 2017. O tema inspirador é a vida e obra da Rainha D. Leonor de Lencastre.
Escrito de uma maneira particular, alterando a narrativa com texto supostamente da autoria de Leonor de Lencastre, à laia de diário, fornece muita informação baseada nas fontes habituais já de nós conhecidas.
É uma página desse “diário”, que transcrevemos para desfrute dos nossos leitores.
“Lisboa, Paço de Alcáçova, 17 de Abril de 1484 – Encontrava-me no paço rodeada de arquitetos e construtores porque pretendia edificar um novo hospital na pequena vila de Caldas, perto de Óbidos.
Certo dia quando ali passava a caminho da Batalha, verifiquei que várias pessoas se banhavam em águas quentes. Como não era nada comum aquele comportamento, perguntei do que se tratava. Foi-me explicado que aquelas pessoas eram doentes que procuravam alívio naquelas águas que tinham poderes curativos. Como de facto também eu naquela altura padecia de uma chaga no peito, mandei ali instalar a comitiva que me seguia e eu própria me fui banhar naquelas águas.
[…] Hoje encontro-me curada e rodeada de homens de saber. Em conjunto vamos elaborar um plano com o propósito de naquele local edificar o primeiro hospital termal para que todos aqueles que necessitarem ali possam receber um tratamento em melhores condições.
Depois de vários dias de trabalho, conclui-se por um projecto arrojado que constava de um edifício de dois andares, com sete enfermarias destinadas a acolher os pobres. Também seria construída uma enfermaria destinada a pessoas da nobreza, que podiam custear as despesas efetuadas com os tratamentos que recebiam.
Apesar de nas enfermarias existir uma divisão de classes sociais, nas piscinas essa divisão era inexistente porque estava prevista a construção de três piscinas, todas localizadas no rés-do-chão, onde brotavam as nascentes, sendo que a primeira se destinava aos homens, a outra às mulheres e a última seria para meu uso exclusivo. No primeiro andar iria funcionar uma sala grande que comunicaria com a Capela de Nossa Senhora do Pópulo, onde os doentes também podiam assistir às cerimónias religiosas. Nestas dependências era permitida a entrada a todos os doentes.”
Fico por aqui. Hospital já temos, quanto ao seu funcionamento é outra conversa…
































