Crónica Tauromática – A Corrida de Toiros a favor dos bombeiros das Caldas da Rainha

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1touradaSábado passado assistiu-se a uma interessante corrida de toiros em Caldas da Rainha. Meia casa composta, 1514 euros para os bombeiros locais (um por cada bilhete vendido) num espetáculo com ritmo e alguma emoção. O tempo complicou, choveu durante o festejo, mas a dinâmica empresa e os bombeiros mereciam a presença de mais público, perdeu quem não esteve.
Toiros bonitos, bem apresentados, aparentando mais peso, foram no geral nobres, sérios e codiciosos, por vezes apertando e indo pela certa, contribuíram para o sucesso da corrida.
Ana Batista com classicismo e toureria lidou bem, numa atuação francamente positiva aplaudida pelo conclave. A um negro Pinto Barreiros de 480Kg apontou três ferros cumpridos com critério e quatro curtos, destacando-se o primeiro e o último. Ao negro São Torcato de 440Kg apontou dois cumpridos o primeiro de nota elevada e 5 curtos em crescendo. Prolongou demasiado a lide com uma rosa que teve alguma dificuldade em colocar.
Lea Vicens apresentou-se em Portugal pela primeira vez e foi vista com agrado, tendo chegado ao público com facilidade e sido muito aplaudida sobretudo no segundo toiro. È uma rojeneadora, procura fazer bem, pode não agradar a puristas mas deixou ambiente para se voltar a ver. Teve dificuldades iniciais em se acoplar aos toiros portugueses, a primeira lide foi de menos a mais em crescendo e a segunda foi em plano de triunfadora. Lea bregou bem, levou os toiros toureados, alguns ferros tiveram mérito inegável. Ao Pinto Barreiros negro de 450kg apontou dois cumpridos a provar e cinco curtos em crescendo, abusando um pouco na batida ao píton contrário. No São Torcato negro de 440kg aplicou dois cumpridos interessantes e cinco bons curtos, mais uma rosa, destacando-se o segundo e o quarto, praticamente a parar na cara do toiro ao reunir.
João Salgueiro da Costa não teve hipóteses com o castanho São Torcato de 470 Kg que se lesionou, mas com um castanho Pinto Barreiros de 455kg arrimou-se em momentos de génio bordando toureiro emocionante. Após uma boa tira e um excelente cumprido poder a poder colocou seis ferros curtos, muito bons os últimos dois aguentando barbaridades.
Os forcados de Vila Franca tiveram pouca sorte com a lesão do terceiro toiro que não puderam pegar. Atuaram ao primeiro intento por Francisco Faria bem a citar, a recuar e a fechar-se, sendo eficientemente ajudado. O quinto foi pegado à terceira tentativa com o grupo coeso a resolver, mais por culpa do forcado Nuno Vassalo que aparentou inexperiência, do que do hastado. Na primeira, investida com a cara por baixo, não conseguiu fechar-se e à segunda o toiro fintou-o apanhando-o lateralmente.
O Grupo de Forcados Amadores das Caldas da Rainha pegaram corretamente à primeira tentativa por António Galeano. Bem na cara do toiro, fechou-se à barbela e foi prontamente ajudado. José Maria Abreu fez tudo bem, fechou-se, mas o grupo tardou e saiu com um forte derrote lateral. À segunda, um violento derrote de cima para baixo atirou-o ao solo com o primeiro ajuda. À terceira o grupo resolveu bem coeso com ajudas carregadas e o toiro a derrotar bastante. Na última pega, a melhor da noite, Vasco Félix da Costa bem com o toiro, mandou na investida, fechou-se como uma lapa aguentou um primeiro grande derrote alto e o grupo ajudou prontamente.
Realce para o corneteiro que brilhou e para a sóbria e criteriosa direção de corrida com sensibilidade taurina na concessão da música. Um reparo apenas para o estado da arena ainda com bastante terra solta e algumas pedras pequenas.

Rui Lopes
rjnlopes@hotmail.com

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