Crónica Tauromáquica – A corrida de toiros de 30 de Agosto em Rio Maior

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FotoA Tauroeste organizou, por ocasião da Frimor, uma corrida de toiros que apesar de alguns contratempos resultou num bom espetáculo.
O pior foi a fraca presença de público (um habitante local referiu-me as noites pouco convidativas, as ausências em férias e falta de mais publicidade sonora, sempre apelativa) e a noite fria e muito ventosa que tornou desagradável a presença levando o público a demorar a aquecer com as lides. Apesar da presença de aficionados como o padre Vítor Milícias e muitas caras caldenses o público pouco exigente aplaudiu piruetas e pormenores secundários não entendendo alguns momentos de bom toureio. Desagradável foi ainda a pouca iluminação fornecida pela Câmara Municipal que tirou brilho ao espetáculo, dificultando o fotografar, e a música de gosto duvidoso num espetáculo perto que se sobrepunha aos sons da praça.
A organização esmerou-se na escolha dos toiros, já sua imagem de marca. Os toiros Prudêncio eram dignos de qualquer praça (já vi pior este ano em praças de primeira). Um curro de capa de revista, seis toiros negros lindos e bem apresentados, todos iguais como feitos a papel químico. Saíram com pata, seriedade, presença e trapio bem para lá do que se espera numa desmontável. Perderam algum “gás” com o decorrer da lide mas acudiram sempre com alegria e alguma bravura chegando aos forcados com força e a derrotar, nobres, sem malícia. Ao quinto toiro o “ganadero” deu justa e aplaudida volta.
Noite acertada e de boa atitude  da terna de cavaleiros do Oeste .
Marco José, cavaleiro das Caldas da Rainha, andou sereno e diligente dando a lide adequada a cada toiro, sobressaindo sobretudo com o cavalo “girassol”.Placeado e confiante, com o seu conceito de toureio bem definido, sem números ensaiados, responde às caraterísticas dos toiros e os resultados aparecem com consistência. Três cumpridos de boa nota, três curtos, dois deles de grande verdade, e um violino, no primeiro toiro e três bons cumpridos, quatro curtos e um palmito, no segundo, dois deles muito bons, levaram o redondel a aplaudi-lo justamente.
António Maria Brito Paes também surgiu calmo e interventivo em lides equilibradas e recheadas de momentos de toureio. Apontou dois bons cumpridos de frente e seis curtos de boa nota dando a brega e as distâncias adequadas. No segundo colocou dois cumpridos muito bons e quatro curtos “arrimados” seguidos de duas rosas, de frente e alto a baixo. Foi merecidamente aplaudido.
Marcelo Mendes esteve a gosto montando bem e procurando fazer tudo bem feito. Mostrou-se demasiado concentrado nos toiros falhando um pouco a comunicação com o público mas com o decorrer das lides foi aquecendo proporcionando momentos de bom toureio. Aplicou dois bons cumpridos e quatro curtos em crescendo no primeiro toiro mais dois cumpridos, quatro curtos e uma rosa sempre em crescendo, entusiasmando o redondel.
Para os forcados a noite foi de êxito com ambos os grupos a estarem praticamente irrepreensíveis com todas as intervenções à primeira tentativa, até pareceu fácil de bem feito que foi.
O experiente Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira abriu com Nuno Vassalo que citou, mandou na investida, recuou e fechou-se aguentando derrotes e sendo ajudado eficientemente. Gonçalo Filipe viu o toiro vir a “chouto” com meias investidas, recuou bem templadamente fechando-se e sendo bem ajudado. O jovem João Matos citou espetacularmente com galhardia, recuou um pouco atabalhoadamente, mas fechou-se bem aguentando fortes derrotes e acabou por ser bem ajudado.
O Grupo de Forcados Amadores de Caldas da Rainha começou com Lourenço Palha, forcado que começa a estar placeado e eficaz citando, recuando e fechando-se bem, aguentando grandes derrotes e sendo s ajudado após o toiro ter fugido um pouco ao grupo. José Maria Abreu, forcado já com lugar firme no grupo citou recuou e fechou-se bem de pernas e braços, o toiro baixou a cabeça e ele aguentou-se pegando sozinho pois quando o grupo surgiu já ele tinha parado o toiro. Vasco Félix da Costa voltou a ser eficaz citando recuando e fechando-se segundo as regras, aguentou fortes derrotes e foi bem ajudado, chave de oiro para mais uma boa atuação do grupo que está a fazer uma boa época, reconhecida pela imprensa da especialidade. Vão agora a 6 de Setembro a Montemor-o-Novo enfrentar de novo Prudêncios com os forcados locais na famosa novilhada da “Espora de Prata”.

Rui Lopes
rjnlopes@hotmail.com

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