Assisti com algum distanciamento à guerra que, no ano passado, se travou entre escolas públicas e escolas com contrato de associação. Dediquei-lhe a mesma atenção que dedico às notícias em geral.
Este ano, porém, tenho uma sobrinha que, em setembro, vai para o 5º ano. Não é por isso de estranhar que ultimamente tenha estado atento às histórias que circulam relacionadas com as escolas locais de 2º ciclo.
Uma das bandeiras mais fortes da escola pública é que, supostamente, seria imune a interesses particulares e pressões externas. Reger-se-ia pela imparcialidade, sendo um espaço educativo onde todos os pais e crianças seriam tratados como iguais.
Fiquei por isso espantado quando soube o que aconteceu no ano passado.
Para quem desconhece os factos, cerca de metade dos alunos que frequentavam o 4º ano do Colégio Rainha D. Leonor ingressaram no 5º ano da Escola D. João II.
Seguindo os trâmites normais, estariam no final da lista de candidatos a esta escola. Por um lado, porque a maior parte não vive nem tem pais a trabalhar na freguesia, por outro, porque vêm de um agrupamento diferente.
Todos nós sabemos que é usual o recurso a moradas falsas. Até aí, tudo bem (ou não…).
O que é de estranhar é que estes meninos tenham sido colocados em duas turmas privilegiadas, com os melhores horários, professores e “ambiente”.
Mais grave ainda se torna, quando se sabe que foi o próprio diretor do agrupamento a garantir que tal acontecesse. Este autocrata defende que a escola “é dele” e dela pode fazer “o que quiser”.
Já não é a primeira vez que estes casos ali acontecem e sei que a mesma oferta foi disponibilizada aos alunos que atualmente estão no 4º ano do Colégio. O que me leva a levantar a questão: não há pais a indignarem-se contra histórias como esta? Pais cujos filhos frequentaram desde sempre o agrupamento, ou que, no mínimo, tiveram a escola D. João II como primeira escolha, sem terem que optar por ela apenas porque a primeira escolha não abriu turmas de ensino gratuito?
Sei que somos um país de “brandos costumes”. Mas estamos a falar dos nossos filhos e dos direitos que lhes estão a ser vedados. Estamos a alimentar o poder ilegítimo de um Trump que dirige uma escola onde os valores e a ética deviam estar a ser ensinados aos nossos filhos. Estamos a compactuar com um sistema em que filhos de pais privilegiados e aspirantes a ministro passam à frente na fila e ficam com o melhor lugar.
A minha irmã é muito diferente de mim. Preferia que eu não escrevesse para um jornal acerca desta situação. No entanto, está pronta a atuar se tal se repetir para o ano e a minha sobrinha for uma das penalizadas. Mesmo que para tal seja necessário apresentar uma queixa a entidades superiores.
Infelizmente, nas Caldas, não há muitas opções de ensino para o 2º ciclo: temos a Escola D. João II, com todo o seu sistema minado; a Escola de St. Onofre (conhecida por EBI), onde o ensino é bom, mas, infelizmente, o ambiente continua a ser bastante problemático (com o tempo poderá vir a ser uma escola exemplar, mas quem quer os seus filhos apanhados neste processo?); e o Colégio Rainha D. Leonor, que abriu como escola privada. Parece que este último terá, no próximo ano, a opção de contrato simples, em que os pais pagam de acordo com os rendimentos. No entanto, a maior parte destes pais estão a meio caminho entre o direito a este subsídio e a capacidade de pagar o privado.
Levanto aqui várias questões:
Sr. Presidente da Câmara, vai continuar a fechar os olhos a esta situação?
Sr. Ministro da Educação, é este o sistema justo e idóneo que tanto apregoa?
Leitores, apesar de todas as acusações feitas no ano passado, afinal qual destas escolas é a de elite?
(Uma última sugestão: neste momento, várias escolas do agrupamento estão a ser fiscalizadas. Não será a altura ideal para se avançar com uma auditoria mais profunda que ponha termo a este abuso de poder?)
Carlos Bento
NR – Gazeta das Caldas contactou a direcção do Agrupamento de Escolas D. João II, que nos comunicou que não iria responder.































A EBI de Santo Onofre do Agrupamento de Escolas Raul Proença é uma excelente escola, com excelentes professores e que sofre com uma fama que não é realidade! Procurem a verdade é verão que é a melhor opção para a frequência do 2o ciclo.
A EBI de Santo Onofre é uma escola de excelência, com excelentes professores e que sofre com a fama de uma realidade que não corresponde à verdade! É, sem dúvida, a melhor opção para a frequência do 2o ciclo!
Estas situações já acontecem há muito tempo, mas só agora é que as pessoas reparam. Logo nos horários do agrupamento dom joão dá para ver onde estão as crianças a quem são feitas tantas promessas. Os alunos são seleccionados. A dom joão envia para Santo Onofre quem não quer e Santo Onofre agora passou a ser a escola de referência apesar dos dados do ministério dizerem o contrário.
A maior prova de respeito e consideração que se pode ter em relação aos professores e diretores de escolas é respeitar decisões (que são cada vez mais partilhadas ) e não se imiscuir abusivamente nas competências de quem de direito. Há uma forma fácil e arrogante de falar sobre educação como se professores e diretores fossem incompetentes e nada soubessem do que estão a fazer. Porque é que não reproduzem a mesma verborreia em relação a advogados, juízes, contabilistas, médicos, construtores de casas, promotores imobiliários, etc? será que são deuses? até parece que qualquer pessoa pode ser professor ou diretor! Sustentar que há turmas ou escolas de elite é caricato. O que interessa criticar se depois nas outras turmas e escolas ( que por exclusão de partes seriam as não elitistas) a indisciplina e má educação grassam de tal ordem nas salas de aula que impedem que se atinjam bons resultados ? Quantas vezes se chega ao ponto do aluno se recusar a sair da sala de aula por ordem de saída do professor ! Será que esse espírito revolucionário de crítica maledicente faz sentido? Será que os pais o contagiaram aos seus filhos? Há muitas outras coisas com que os pais e encarregados de educação devem preocupar-se. Portugal digna-se de ter a cultura mais antiga e rica do mundo, com uma literatura invejável, com uma história riquíssima, uma cultura derramada nos manuais de excelente qualidade que muitas vezes só servem para rabiscar e fazer desenhos durante as aulas e nem sequer são estudados ( ficando sujos nas bordas e as páginas brancas e ainda a cheirar a novo no seu interior! ) pois os pais ofereceram telemóveis de terceira geração aos estudantes que em vez de lhes fazer uso adequado para aprofundar matérias que estão a ser leccionadas, muitas vezes só servem para mandar mensagens, tirar fotos até nas salas de aula e divertir-se o mais possível ou até rebater de forma absurda a informação que é dada pelo professor. Essa preocupação pela qualidade do estudante é o debate que falta fazer em Portugal, hoje. Temos bons manuais, excelentes professores e atrevo-me a dizer que quem não quer aprender e quem se esquiva a ser motivado pelos professores coloca em causa o processo de ensino aprendizagem.E muitos ainda têm o desplante de dizer que é o professor que não sabe motivar ! Há uma virtude na disciplina, no respeito na consideração que hoje rareiam e espanta-me ver certa mocidade portuguesa tão falha de valores e exemplos educativos ( que me faz ter saudades da antiga Mocidade Portuguesa), que começam em casa, uma geração zombie que vive manietada pelo facebook, pelos selfies (e agora servem também para alimentar máquinas de baixa política e criticismo fácil e infundado), uma geração que sai da escola a correr quando toca para a saída e se enfia nos cafés em frente à escola em vez de criar dinamismos, ir para a biblioteca, ter gosto pelo estudo, pela investigação e em estudar e fazer da escola um local interessante ( a segunda casa deles). O direito à opinião tem de ser feito na coerência de princípios e no equilíbrio de posições.