Pela família Paniágua Féteiro e o TIL – Teatro Independente de Loures, venho agradecer a notícia que publicaram na edição nº 5124 de 3/06 e também aproveitar para agraciar as palavras do Caríssimo Mário Tavares.
Pela pior razão, o meu Pai voltou a aparecer na Gazeta. Mas no que toca ao que escreveram, gostaríamos de aclarar a participação dele nas comemorações do CCC em Outubro de 2006. De facto ele declamou alguns poemas, mas foi bem além disso: como outros elementos do CCC, contribuiu com documentação e espólio para a exposição comemorativa, escreveu um dos artigos que foram saindo na Gazeta sobre a sua História (sobre o que ele chamou a Pré-História do CCC), foi à abertura das comemorações no Café Central, tratou da animação teatral do almoço comemorativo, onde o TIL apresentou quadros de Revista que tinham sido feitos aí nas Caldas (foi um momento inesquecível para os elementos do TIL e uma honra, uma vez que o grupo foi vivendo com as histórias que ele, orgulhosamente, contava sobre o CCC – um exemplo de coletivismo e intervenção cultural, marcante na Cidade). E no encerramento, novamente no Café Central, o TIL apresentou duas peças curtas de Jaime Salazar Sampaio – dramaturgo com quem ele trabalhou muito de perto durante quase 40 anos e grande influência no trabalho do TIL – e ele representou os célebres “Malefícios do Tabaco” de Tchekhov.
Nesse dia, um pouco constipado e em baixo, na viagem para aí disse-me “Isto com a adrenalina da representação passa…”, e foi o que se viu… mais uma vez foi buscar forças não se sabe onde. Exemplo disso foi criar e protagonizar a adaptação teatral do texto de JSS “Romance de uma Rosa Verde”, um monólogo, em 2001, depois de ter recuperado de um atropelamento na véspera de Natal de 2000. Para ele, aquele encerramento das comemorações era, o fechar de um ciclo. O meu Pai nunca negou a sua origem e o que o CCC tinha conseguido atingir, realçando sempre o trabalho e a qualidade deste coletiva e individualmente, servindo de exemplo para o que foi feito com o TAB – Teatro Amador dos Bombeiros e o TIL em Loures.
Uma das coisas que ele dizia era que o TIL era neto do CCC… E soube na altura que das mais de 70 pessoas que figuraram na lista de apresentação do CCC para a sua fundação, 15 estavam vivas e UMA ainda fazia Teatro…
Nós vamos continuar fazendo o que era o seu desejo: que o grupo avançasse quando ele já não pudesse estar. É um legado grande, porque a sua abrangência social foi para além do Teatro. As Homenagens formais acabaram, para fazermos a maior homenagem que lhe podemos dar: continuar a fazer Teatro, levá-lo às pessoas e manter a qualidade e rigor que ele punha no seu trabalho teatral. Ele dizia que não há ninguém insubstituível, mas ele não pode ser substituído por outro individualmente, tem de ser por várias pessoas. Neste caso, pelo Grupo todo.
Bem hajam.
Luís Paniágua Féteiro






























