A-dos-Ruivos e os seus Moinhos
A existência de moinhos na minha aldeia remonta, por certo, há vários séculos. Há registos da fixação de povos em A-dos-Ruivos, no início do século XIV. E o seu topónimo parece ligado ao povoamento franco, que aconteceu na nossa região, na segunda metade do século XIII.
Segundo o portal da internet, da Junta de Freguesia do Carvalhal, A-dos-Ruivos, já era terra próspera no século XIV. «Era uma aldeia essencialmente agrícola, contava com hortas, pomares, searas, mas as suas terras eram especialmente aptas para a vinha. As terras desta localidade, eram por esse motivo muito disputadas por particulares e instituições religiosas, como são exemplo, o Mosteiro de Alcobaça, a Abadia de Santa Clara de Coimbra, a Igreja de Santa Maria de Óbidos ou mesmo a Igreja de S. Pedro de Carvalhal. A aldeia, contava nessa época, com lagares, adegas bem guarnecidas de equipamentos, currais, palheiros.
A-dos-Ruivos tinha o seu porto, onde a ribeira desaguava no rio Bogóta, conhecido pelo Porto da Ribeira ou Porto do Ribeiro da Vársea». (internet – Organização Social do Espaço de Óbidos na Idade Média).
A existência de moinhos de água é também relatada nos nossos dias por familiares descendentes dos proprietários dos moinhos de vento.
Hoje, a caminho dos meus 70 anos, e desde que me conheço, recordo-me das ruínas de dois moinhos de vento na minha aldeia, nas encostas das charnecas próximo aos casais da Vermelha.
E na meia encosta, ao fim da aldeia, junto à estrada de macadame, hoje de asfalto, que liga a aldeia ao lugar do Barrocalvo, existiam três a funcionar nas décadas de 50/60 do século passado. Dois deles, ficavam do lado direito da estrada de quem sobe para o Barrocalvo e eram propriedade de meus familiares. O terceiro, que ainda existe, situa-se do lado esquerdo da estrada e no mesmo enfiamento daqueles. Era seu proprietário o meu primo António das Neves Gomes (moleiro).
Nos meus tempos de infância, aqueles moinhos, pareciam três irmãos, irmanados pela mesma força e pelo mesmo crer, moendo de dia e de noite, quase sem parar, desde que o vento lhes fosse favorável e as intempéries o permitissem.
Nos braços das suas velas, tinham dezenas de búzios de vários tamanhos, (pequenos potes ou vasos de cerâmica), bem amarrados, para que não se desprendessem com o mau tempo. Os ventos que sopravam no vazio dos seus tamanhos, produziam uma sinfonia de sons que se fazia ouvir em toda a aldeia e nas suas redondezas. Os seus zumbidos, para além da informação prestada ao moleiro, sobre a velocidade e posição dos ventos, às vezes, pareciam entoar melodias de embalar os mais pequenos, que, como eu, à noite adormecíamos com a sua sonoridade.
Como era bonito ouvi-los!
Nesse tempo, eles moíam os grãos de cereais, que transformavam em farinha, para sustento das populações da aldeia e seus arredores. Foi assim certamente, durante alguns séculos, com estes ou com outros moinhos, até aos meados do século XX.
Entretanto, surgia a revolução industrial e com ela, as moagens modernas, com motores a gasóleo e mais tarde as eléctricas.
Por outro lado, as terras de semeadora de cereais davam lugar aos grandes vinhedos e pomares. A par desta evolução, os moinhos foram moendo cada vez menos até pararem definitivamente. As populações mudavam de hábitos e preferiam pão mais leve, fornecido pelas padarias modernas que, ligadas às moagens, o faziam chegar às nossas casas, através dos seus transportes próprios.
Para uma parte das populações, era um bem que chegava e os aliviava de todo um trabalho, moroso e pesado, desde as sementeiras, colheitas, debulhas, trocar no moleiro os cereais por farinha, prepará-la e amassá-la e, por fim, cozer no forno, o seu próprio pão. Era um circuito longo e fatigante, sem caminhos adequados e sem transportes próprios, onde alguns estavam ansiosos por mudar.
Entretanto, com esta alteração de hábitos, os moinhos deixaram de funcionar, entraram em ruínas e, a profissão de moleiros chegava ao fim. Os seus filhos e familiares, procuraram novo rumo para as suas vidas. Muitos deles emigraram, principalmente para a Europa, como foi o caso do meu primo António (O Toneca), filho do António das Neves Gomes, proprietário do terceiro moinho.
Mas como o mundo troca o rumo às nossas vidas, o Toneca que também percebia da arte de moleiro, regressou às origens e, já com mais de 70 anos, numa conjugação de esforços com o seu amigo, engenheiro de moinhos de vento, Alfredo Almeida, nos anos de 2003/2004, recuperaram o seu moinho, que estava em mau estado, herdado de seu pai. À data, mesmo sem subsídios, reestruturou-o e restaurou-o, tendo ficado como novo e, a moer novamente os cereais, para contento dos mais velhos e encanto dos mais novos.Hoje, as visitas àquele espaço, são frequentes. Tanto por crianças das escolas, como por grupos organizados, ou ainda pelo simples turista ou curioso que por ali passe.
Todos são bem vindos e acolhidos com gratidão, pelo seu proprietário.
Quem estiver interessado no conhecimento de moinhos ou pela cultura da nossa terra, poderá aproveitar esta oportunidade, e passar por A-dos-Ruivos, contactar com o António das Neves (Toneca), e desfrutar do prazer de visitar o seu velho moinho, construído pelo seu pai, nos primeiros anos do século passado. As suas engrenagens sincronizadas fazem moer as grandes mós, que de novo, trituram os cereais, tanto para demonstração, como por troca de farinha a quem ali os entregar.
Cá fora, junto ao moinho, e antes de se retirar, poderá também, admirar e contemplar toda a paisagem rural envolvente, tendo a sul, como pano de fundo, a bonita serra do Montejunto. E, não se afastará, por certo, sem olhar uma vez mais, para aquele museu vivo, e fixar os seus olhos, nas velas enfunadas, que tocadas pelo vento, fazem girar de novo, o velho moinho, com os seus zumbidos, para memória dos nossos antepassados e orgulho da nossa geração.
Como ruivense, e orgulhoso da história da nossa terra, fico grato ao meu primo Toneca, pelo seu empenho e sua coragem, louváveis, na recuperação do seu moinho, que ficará como marco histórico, para as gerações vindouras, perpetuando a memória dos nossos ascendentes e de
Inocêncio Nunes Gomes
A Oeste nada de novo
Estou estupefacto, impressionadíssimo, no bom senti-do, quase a ultrapassar o auge da imaginação humana. Acabei de ler um artigo na Gazeta das Caldas de 7 de Janeiro de 2011, um esclarecimento num direito de resposta do Conselho de Administração da CP “ao abrigo do disposto no artigo 37º da Constituição da Republica Portuguesa”, (pobre República servem-se de ti a contento deles para tudo) sobre a venda de bilhetes na estação de Lisboa Rossio para a Linha do Oeste.
Imagine-se, pasme-se, transcrevo a resposta dos visados da CP na Gazeta: ”A título de exemplo foram vendidos no passado mês de Novembro (2010), 72 (setenta e dois) bilhetes com origem na estação do Rossio e destino a Estações da Linha do Oeste, das quais 26 tinham como destino final a Estação das Caldas da Rainha”.
Impressionante. Este número de venda de bilhetes devia entrar no Guiness. O número de bilhetes vendidos num mês de Lisboa Rossio para a linha do Oeste 72 (setenta e dois) se o dividirmos por 30 dias, temos uma média de 2,4 bilhetes vendidos por dia.
E o Conselho da Administração da CP, diz mais à frente na sua defesa “Fica assim comprovado que o artigo publicado no vosso jornal contem afirmações que não correspondem à verdade dos factos, induzindo os vossos leitores em erro. Acresce ainda que o tom aplicado ao longo de todo o texto é manifestamente lesivo da imagem desta empresa”.
Esta empresa transportadora pode-se orgulhar da ”verdade dos factos” do serviço que presta aos utentes dos comboios na Linha do Oeste, e que “é manifestamente lesiva” dos interesses do povo desta região oestina.
É espantoso. Lisboa Rossio não chega a vender bilhetes a três passageiros/dia. Se tivermos em conta que a Linha do Oeste, vai de Cacém a Figueira da Foz, e que as suas estações servem importantes aglomerados populacionais, nomeadamente Malveira, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, Bombarral, Cadaval, Obidos, Caldas da Rainha, S.Martinho do Porto, Valado, Nazaré, Alcobaça, Marinha Grande, Leiria e Figueira da Foz, três bilhetes por dia não é exagero, é um grande avanço para época actual, um recorde, em relação ao ano de 1800, quando não havia comboios nem linha do Oeste.
Tudo isto acontece pela prestação dum péssimo serviço que se oferece , por uma má gestão dos recursos humanos e materiais. Com estes índices de vendas de bilhetes de Lisboa Rossio para a Linha do Oeste, bem podia o Conselho de Administração publicitar esta grandiosidade de vendas em alguns jornais diários destes país, e porque não, também informar a imprensa estrangeira e até o periódico do Curral de Freiras “O Intrujão”.
As pessoas gostam e necessitam de ser informadas. É de justiça recordar a década de 1980, quando os comboios 4021, 4023, 4121, 4025, 4111 e 4027 partiam da linha 2 (a estação dispunha então de 10 linhas) a abarrotar com centenas de passageiros da estação do Rossio com destino a Figueira da Foz, Alfarelos e Coimbra.
António Duarte
Despedida do actual chefe de finanças
Terminando no dia 31 de Janeiro as minhas funções no Serviço de Finanças de Caldas da Rainha, venho por este meio agradecer toda a colaboração institucional por parte desse jornal que V. Exª dirige, extensível a todos os que aí colaboram.
Permita-me que aproveite este momento, para publicamente agradecer e louvar todos os meus colegas do Serviço de Finanças de Caldas da Rainha, que muitas vezes com sacrifício da sua vida pessoal, sempre manifestaram disponibilidade para cumprimento de objectivos superiormente determinados, o que fez com que o SF de Caldas da Rainha tivesse superado todas as metas delineadas, sendo hoje a nível Nacional um serviço de referência.
A todos um grande Bem Haja.
Hélder Ferreira
Treze horas à espera no hospital das Caldas
No dia 30-12-2010, entrei na urgência do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, às 12h45 e fui atendido na consulta médica, às 1h58 do dia seguinte, 31-12-2010, conforme declaração que tenho em meu poder.
Treze horas à espera de uma consulta é incompreensível e quase insuportável para quem não está bem, é diabético e teve necessidade de fazer análises e raio-x.
Não posso deixar de questionar: o que é que está mal?
A observação feita na triagem? (fiquei com pulseira verde)
Há falta de médicos?
Há falta de sentido de equipa entre os médicos que se encontram de serviço? As mudanças de turno terão levado a protelar o atendimento dos doentes de modo a reverter para quem entra a seguir?
Não sei nem me compete averiguar. Mas que algo está mal, está! Prejudica os doentes, tira prestígio aos serviços e a quem, honestamente, neles se empenha.
Alguém irá indagar estas situações? Deixem-me acreditar que sim.
Os estamos no terceiro mundo, onde vale tudo?
António Maria Marques
NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento prévio desta carta à administração do CHON, mas esta preferiu não responder.
































