O verdadeiro Teatro Épico
O estrado está montado no beco e corta-o ao meio. Um pequeno estrado num pequeno beco é um palco enorme. E dá para a tasca do Antero por razões dramatúrgicas – o enfarinhado ciumento é companhia residente dentro das possibilidades do equilíbrio. Tasca? Agora com o requinte dos sofisticados tintos e brancos a copo, das múltiplas castas e outros tantos perfumes e fins de boca, parece que, por momentos, nos podemos imaginar na Piazza Navona, ao balcão da enoteca em que uma vez conheci um príncipe, não daqueles que se casa fardado e só pensa no calado nobre da cauda da noiva – só os pavões a podem disputar – para toda a gente poder espreitar a sua nobreza, mas dos outros, daqueles que se encostam à parede, de pedras mais que históricas, para que o nariz emproado dessa monarquia não dê com as solas dos pés sem dar por isso depois da queda. Como se diz no Alentejo: então o que fazes encostado? Estou a ver se a parede não cai.
O espectáculo – ou melhor, a farsa – ia a meio. Uma chuva molha tolos vai pingando com a moderação que lhe assiste, aqui e ali, atingindo um olho desprevenido, uma careca alegre ou um começo de seios abrangente. Como quando borrifamos a roupa muito seca, a espaços, antes de lhe passar com o ferro dos rigores do vinco. De rir as pessoas agradecem a São Pedro, que chuva bem-vinda, que fresco se está no beco e como rir nos aquece. Como é que eles fizeram para que não só a Tasca do Antero – que nome decisivo para um palácio do petisco – acrescente perspectivas dramatúrgicas e leituras polissémicas, mas também chova quando o primeiro acto de dois está em transição e a farsa em drama fervendo, numa verdadeira operação de estruturação narrativa? Está ali a senhora dos sons, o rapaz das luzes, mas onde a máquina da chuva? Máquina do vento, é sabido que consta de muita intempérie de fabrico artesanal e chuva conhecemo-la territorial, localizada, rectangular como no Temporal do Strehler e Strindberg, rectangular e ilegal, feita sem a Europa saber com a mangueira dos bombeiros roubada ao incêndio que estará sempre por vir – teatros e incêndios são uma longa lista, uma amor electivo, profundamente dramático e mais que catártico, destruição absoluta, limpeza de epidemias de promiscuidade sedimentadas, processo natural, ou mesmo artificial, para que se crie um renascimento verdadeiro – como não aconteceu ao Dona Maria, que do fogo veio mais serôdio e velho que antes dele, como hoje é, supermercado de pirotecnias narcisistas entaramelado de visões de estética kitch sopeiro-catedráticas, mais uns poses de vanguarda mesmo vã.
O beco tem essa vantagem, pode incendiar, mas apenas de riso e gargalhada incontinente, e foi o que veio. De molha tolos a chuva vem, num crescendo em fade out lento molhando mais que os tolos, molhando todos, tolos e não tolos. Os actores e a actriz em cena começam, a meio da farsa, a fazer o seu teatro experimental. A contracena com a chuva promete. A máquina do tempo descontrolou, a electrónica dos céus, essa teia que o ar livre permite e promete ser de inúmeras surpresas, lua cheia, noite escura, quarto minguante, noite estrelada, está sem rumo, a colaboração torna-se rivalidade, o mau tempo vira-se contra o teatro. O teatro resiste, e continua, os espectadores não arredam rabo, alguns encostam-se à parede sem pensar que pelos beirais a coisa piora, outros abrem guarda-chuvas em plena plateia, o que obriga outros a levantar-se n uma espécie de efeito balcão sentado sobre as próprias pernas, balcão andante. Nas cadeiras de plástico branco da autarquia formam-se poças graciosas, naquelas dos poucos cus levantados e metidos de lado. O panorama é hilariante e os risos, parte a parte, estabelecem uma corrente de energia que nenhuma água quebra. Os actores e a actriz vão dizendo o seu texto e entram numa mítica relação com a natureza pródiga, a chuva fertiliza o verbo, a palavra corre para fora, atirado ao ar livre que agora está repleto de pingos grossos, lágrimas gordas de São Pedro que, de rir, já chora pingos de calibre para caça grossa. Ele está, ele sim, no verdadeiro balcão, esse ciclorama dos aléns em que tem a sua morada. Pois é, não se aguentou, São Pedro é de fracos abdominais e soltando-os de gargalhar solta as suas lágrimas maiores. Quem se aguenta são os comediantes que vão metendo, não propriamente buchas, mas curtas incisões verbais a propósito do ensopamento progressivo. Estão como pintos encharcados, corre-lhes a água pelo rosto e pelo texto. As palavras saem-lhes da boca como peixes – esta parece do Hélder – e metem-se pelos ouvidos dos espectadores como quem procura lagos no interior de tímpanos. A desgraça acrescenta farsa à farsa e todos sacodem a chuva em verdadeiras tremuras de riso contagiado, uma epidemia de gargalhadas por ali vai, não há chuva que resista. No palco Molière foi comido pelos Marx Brothers, os actores e a actriz escorregam com grande sentido do equilíbrio e desamor de quedas. O Victor parece o Groucho, a Isabel o encaracolado, o Carlos o irmão do meio, e o Paulo, de pantalão, parece vir do inferno cinco estrelas dos cómicos, esse paradeiro que nos espera por certo depois de tanta obscenidade curricular, reerguido de puro nervo e tendões marionetísticos.
Pois é, este é o verdadeiro Teatro Épico. E não há distanciação que lhe dê. O efeito de estranhamento, a chuva a cântaros, estabelece dialecticamente uma cumplicidade artaudiana, a crueldade pneumónica espreita, a Carina e o Filipe, ao fugirem da peste da chuva, cobriram o piano de luzes e o de som de plásticos criativos e a si mesmos também, a coisa acaba por cessar em plenos aplausos, a chuva também os quis, certamente para si e agradece já a caminho de seca. Ontem à noite, dia 6 de Maio de 2011, com a meteorologia previamente estudada na CNN e nos canais pátrios, criámos o Teatro Épico da Crueldade Molhada. Ali, no Beco do Forno, como o Ciúme do Enfarinhado, relido pelas acrobacias imprevistas, físicas e verbais, de uma erupção marxista. Viva o verdadeiro Teatro Épico, o verdadeiro Serviço Público. Tempo seco ou chuva, o teatro vencerá. Mas de que Crise andam a falar?
Fernando Mora Ramos
A Celebração dos 50 anos do Cruzeiro no Casal do Rio
(Sta. Catarina)
No passado dia 3 de Maio o lugar do Casal do Rio comemorou os 50 anos do Cruzeiro.
Este símbolo religioso foi oferecido ao lugar em 1961 na sequência de um peditório feito pela Igreja, cujos lucros seriam para ajudar na construção da Casa Paroquial da Freguesia que tinha lugar em Santa Catarina. Assim sendo, todos os lugares da Paróquia se empenharam para ajudarem o máximo possível na construção desta obra.
Na altura, o Pároco responsável pela Paróquia era o Sr. Padre Castelão que, vendo os esforços feitos pelos lugares, decretou que o lugar do Casal do Rio, sendo o mais pequeno e o que tinha menos população, se destacou pelo facto de ter tido tão boa prestação como os outros lugares maiores da freguesia. Perante isto, o Sr. Padre Castelão celebrou missa no lugar que contou também com a bênção do Cruzeiro.
Cinquenta anos depois os residentes do lugar do Casal do Rio organizaram um almoço de convívio, realizado no passado Domingo dia 8 de Maio que contou com a presença do Sr. Padre Francisco Cosme, actual Pároco da Freguesia, do Dr. Tinta Ferreira, Vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha e do Sr. Rui Rocha, Presidente da Junta de Freguesia, aos quais agradecemos a disponibilidade de terem estado presentes.
No âmbito deste convívio foram discutidos alguns assuntos relacionados com o lugar, na medida em que, o sítio onde o Cruzeiro está colocado é um sítio de grande acessibilidade e o espaço que resta à volta deste é pouco, pois toma-se difícil a passagem de dois veículos ao mesmo tempo. Assim, os moradores juntamente com as entidades que estiveram presentes discutiram o assunto de modo a avaliar as melhores hipóteses de resolução do problema. Esperamos, então, que as intervenções por parte dos organismos competentes apareçam o mais rápido possível.
Agradecemos também a colaboração de todos os que tomaram possíveis estes festejos, lamentando apenas o facto de não ter sido a totalidade do lugar a participar.
O dia 3 de Maio marca assim um dia importante na história deste lugar, porque sendo uma data característica nunca será esquecida.
Andreia Querido
José Carlos
INAG incontactável
A Comissão Cívica de Protecção das Linhas de Água e Ambiente de Caldas da Rainha, vem por este meio, publicamente denunciar, que o INAG se encontra incontactável.
Já noutras alturas esta situação aconteceu várias vezes, não só com a comissão, mas também com outras entidades, que vieram publicamente demonstrar a sua indignação. Decorridos alguns meses, o INAG continua totalmente incontactável, quer telefonicamente, quer por fax.
São vários os contactos que esta comissão tem tentado, mas nenhum funciona.
Recentemente, foi-nos feito um convite pelo INAG através de email, a fim de participarmos num debate em Santarém e esta comissão aproveitou através do mesmo email, para questionar o motivo porque esta entidade estava incontactável. Foi-nos informado que desconheciam a situação e que aquela dependência não tinha condições para prestar tal esclarecimento.
É de lamentar, que a principal entidade responsável pelo ambiente deste país, esteja incontactável, de tal forma que a nossa comissão para obter alguns esclarecimentos, que eventualmente poderiam ser prestados telefonicamente ou por fax, vai ter de se deslocar a Lisboa.
Mais uma vez o INAG não sai dignificado com esta má prestação de serviços ao país.
António Peralta
(porta-voz da comissão)
Atenção à EDP
No passado dia 14 de Abril, pelas 19h30, ao chegar à minha casa deparei-me com uma árvore (Cevadilha) parcialmente destruída. Fui informado que funcionários mandatados pela EDP tinham efectuado tal acto de vandalismo sem qualquer tipo de aviso prévio, pelo facto de passarem uns cabos eléctricos (indevidamente) por dentro do meu jardim, tendo os mesmos funcionários deixado os ramos da referida árvore caídos em cima de alguns vasos e flores.
Feita reclamação para a referida empresa foi posteriormente feita a limpeza.
São situações que se podem evitar, informando os proprietários, e não usando métodos de quer, posso e mando.
Foi exposto à mesma EDP a futura retirada dos referidos cabos. Que sirva de exemplo para a EDP não continuar com tais actos.
Manuel Almeida
SOS Cidadania
Cumpre-me, como cidadã, habitante das Caldas da Rainha e moradora no Bairro Lisbonense, manifestar-me contra o estado de lixeira em que se transformaram os espaços circundantes do Centro Comercial Vivaci. É isso mesmo, muitas pessoas que frequentam aquele espaço comercial deitam lixo para o chão mal saem as portas desta catedral de consumo, não respeitando quem vive neste bairro: há garrafas partidas por todo o lado, especialmente depois de sábado à noite; latas, pacotes, restos de comida, papéis, sacos… enfim, lixo. Os canteiros de relva que estavam bonitos, estão agora com a relva por tratar, com buracos, com ervas daninhas, com lixo; pisados. Há gradeamentos soltos, vandalizados. O lixo chega até ao parque infantil, onde brincam crianças.
Critico a Câmara Municipal das Caldas, que se esquece de limpar este lixo e de zelar pela manutenção desta zona. Critico a mesma Câmara Municipal das Caldas que não dá ordem para a polícia fazer um policiamento necessário desta zona, durante o dia e, principalmente, à noite, com especial destaque para os fins de semana.
Critico o Centro Comercial Vivaci, que deve achar que lixo à entrada da sua porta é um bom cartão de visita.
Critico a falta de cidadania de todos aqueles que sujam e estragam este espaço público.
Leitora devidamente identificada
Caldas e Foz do Arelho não têm deficientes
Parabéns porque parece ser verdade que nem as Caldas nem a Foz do Arelho têm pessoas com qualquer deficiência de mobilidade. Talvez eu seja o único, mas não sou todavia o único a reclamar pois tem se visto neste jornal outras pessoas com o mesmo problema e têm sido várias as publicações, mas os nossos políticos fazem sempre ouvidos surdos porque eles só nos conhecem agora na altura de eleições, mas logo nos esquecem assim que se encontram na cadeira do poder.
É de facto uma falta de respeito da parte deles com o desprezo que nos olham e somos nós que lhe pagamos os salários. Eu tentei chamar a atenção numa reunião de Câmara para este assunto já algum tempo atrás, mas enquanto fui dizendo algumas palavras de elogios parece ter caído muito bem para os senhores políticos presentes, mas para que não se metam todos no mesmo saco tenho que chamar as coisas pelo nome porque nessa reunião havia pessoas de respeito, humanas, e com integridade, mas pelo contrário havia dois senhores que penso serem do Partido Socialista, Delfim de Azevedo e Rui Correia, que praticamente me vaiaram com alguma palavra que eu disse e não lhes agradou.
Fica aqui bem claro como os nossos políticos se sentem e reagem quando o cidadão reclama. E porque será? Todos nós sabemos porque nestes cargos não devíamos ter políticos, mas sim profissionais nos cargos que se encontram; mas pelo contrário só foram nomeados pelo partido político a que pertencem e apresentam-se nas reuniões da Câmara ganhando senhas de presença, mas alguns deles não fazem a mínima ideia do que lá estão a fazer e nem sequer estão interessados .
Vejamos, portanto, o que eu alertei. Por exemplo, na Praça da Fruta há três lugares de estacionamento para deficientes, mas é impossível um deficiente lá estacionar, mas ao contrário a Junta de Freguesia possui lá três lugares em frente ao café Zaira e eu pedi que fizessem uma troca, mas até à data nada foi feito. (…) Eu não vejo que justificação pode a Junta de Freguesia ter para se reservar estes lugares bem situados. Será para as suas ambulâncias? Porque não nos esclarecem? Eu penso que talvez eu compreendesse.
Temos o mesmo caso em frente ao tribunal – lugares reservados para o tribunal e o segurança está sempre atento. Tem lá uma rampa muito bonita e feita de raiz com calçada à portuguesa, mas feita para quem? É que eu não consigo lá subir. Primeiro não há por ali um passeio rebaixado para subir e depois a entrada tem um degrau que impede o acesso. Os estacionamentos por ali reservados a deficientes são eles ainda mais deficientes que os deficientes. Estão mal sinalizados e mal desenhados e são sempre usados por veículos não identificados por deficientes e a policia parece só actuar naquela altura que se reclama.
No Centro de Saúde em Caldas da Rainha há muito tempo que fiz o pedido por escrito. Responderam-me, mas nada fizeram até à data, mas são coisas que seriam feitas com um pequenino gesto. Contudo, não são feitas. Parece que só lá vão saudáveis e porque será? Porque tudo isto pertence à hierarquia pública, mas se fosse privado já teriam sido obrigados a fazê-lo. Por isso é que não encontro qualquer problema em fazer compras nos supermercados. Porque não põem os olhos nisto os nossos políticos?
Na Foz do Arelho (onde ao domingo não há lugar para um carro), junto ao mar há alguns lugares reservados a deficientes, mas não é possível sair do carro e subir para os passeios. Mas junto á doca não é mesmo possível sequer ir aos cafés ou aqueles quiosques. Foi construída uma passadeira para peões ao longo da lagoa que se estende até quase ao Nadadouro, mas com passagens para carros onde uma cadeira não consegue passar.
Eu tenho que me deslocar a Salir do Porto pois aí consigo sair do carro e passear por lá com a cadeira sem problemas. Isto no que diz respeito às acessibilidades pois quanto aos lugares reservados só tem um e mesmo esse ficou muito encolhido. Talvez os deficientes só devam ter carros pequenos, mas em contrapartida está sempre tudo muito bem cuidado.
Será que estes locais pertencem todos à mesma Câmara Municipal? Ou têm pessoas à frente umas mais competentes do que outras? É de certeza a segunda. (…)
Deixo um conselho aos nossos políticos: emigrem durante uns anos e assim se apercebem o quanto andam errados porque se assim continuarem voltamos todos aos anos sessenta. Espero para vosso bem que nunca venham a estar na minha posição.
António Almeida Silva
Baía de S. Martinho do Porto – finalmente a Bandeira Azul
A Baia de São Martinho do Porto tem, finalmente, o Galardão Bandeira Azul. Esta importante distinção revela a excelente qualidade da “nossa” praia. Qualidade essa que também já tinha sido distinguida pela Quercus em 2007 e em 2009 que considerou a Baia de S. Martinho do Porto, de Qualidade de Ouro.
Estes galardões, embora diferentes, são resultado do trabalho de despoluição da Baia desenvolvido nos últimos anos.
Desde 2006 que defendo a candidatura à Bandeira Azul, não só pelos resultados das análises efectuadas à agua que, desde essa data, têm sido considerados bons, como também por considerar ser este um factor essencial de muitos veraneantes para escolherem o local das suas férias.
É pena que só agora o tenhamos feito, mas, como diz o povo, mais vale tarde que nunca.
Está na altura de relançarmos São Martinho do Porto como a principal zona balnear do Oeste. As outras áreas balneares, principalmente a Nazaré e a Foz do Arelho, que me perdoem, mas S. Martinho do Porto têm características únicas a nível nacional ou até mundial e temos de saber aproveitá-las.
Poderíamos aproveitar esta atribuição do Galardão Bandeira Azul para lançarmos uma campanha publicitária a nível nacional, campanha essa que, feita atempadamente e de alguma qualidade, com certeza traria mais veraneantes permitindo o desenvolvimento da economia local.
Rodrigo Neto
































