Os nossos buracos
Não sou natural desta cidade, mas conheço-a minimamente, dado que me desloquei para aqui inúmeros fins de semana. No início das minhas visitas, estranhei e interroguei-me inúmeras vezes do porquê de existirem tantos buracos em todas as ruas, sem que obtivesse qualquer resposta. Por motivos de força maior estou vivendo nela há já alguns anos, quase que em permanência total. O meu conhecimento da cidade aumentou. Mas aumentaram de longe em muito maior número os buracos que se encontram por todos os lados.
Falando com as pessoas, constatei que a opinião era unânime. Os buracos eram um pouco escamoteados por altura das festas da cidade, para logo se seguida continuarem a aumentar e a alargar, pois o estado calamitoso das canalizações a isso obrigam.
Tentei contar e registar o número de buracos só numa pequena zona, mas acabei por desistir dada a frequência com que aumentavam, alargavam e se afundavam. Infelizmente para todos os Caldenses, acabei por ser testemunha involuntária, conjuntamente com outras pessoas, da forma como trabalham os piquetes de obras da Câmara Municipal das Caldas.
No dia 17.02.11, por volta das 17 horas, frente ao número 9 da rua Carlos Neves, voltou a rebentar uma vez mais o cano principal de abastecimento de água aquela zona, possivelmente o mesmo que abastecerá o Colégio Rainha D. Leonor. Informados os Serviços, apresentaram-se e começaram a tentar resolver o problema. Armas? Um camião, uma retroescavadora e um pouco mais tarde uma pick-up. Neste mesmo local existe uma oficina de reparação mecânica, devidamente licenciada, sendo portanto natural que mais algumas viaturas possam ocupar o local de estacionamento, mesmo que temporariamente.
O camião e a retroescavadora ocuparam a quase totalidade da via. O motorista do camião permaneceu impávido dentro do mesmo como se fosse alguém alheio a tudo o que ali se passava: muito menos com os carros vindos do colégio. Muitos tiveram que recuar mais de 100 metros para seguir o seu destino. Saiu de lá quando a retroescavadora se afundou um pouco, por cedência do terreno em que assentara as suas sapatas. Tive que chamar a atenção do condutor da carrinha, que entretanto aparecera, para a forma como estavam a proceder.
Não havia um só sinal de obras. de embargo de via, ou de desvio. O respeito pelas pessoas ou por quem tinha necessidade de por ali circular era totalmente inexistente, pelo menos por parte do motorista do camião. Os poucos carros que entretanto arriscaram por ali passar, só quase que por milagre não riscaram outros. Um deles, ainda roçou na pá da escavadora, precisamente no momento em que uma sapata afundou. A mesma teve que mudar de sítio e deu então para ver a maravilhosa forma como se trabalha nos Serviços Municipalizados das Caldas: no local do rebentamento do cano e onde o terreno cedeu com a sapata da retro, pasme-se, viu-se à saciedade, que foi o alcatrão posto anteriormente naquele local que foi aguentando com o movimento e parqueamento temporário dos carros. É que havia um enorme vazio (oco) de um metro de largo por mais de um metro de comprido e um palmo de altura, porque o terreno não fora compactado. Puseram o cascalho, alisaram minimamente, como é costume fazerem, e de seguida o alcatrão tapou o resto. Não utilizaram daquela vez – tal como não utilizam nunca – um maço, pneumático ou não, para compactar o enchimento.
Deverá ser muito complicado pôr a cabeça a trabalhar um pouco. Porque é que os empregados dos SMCR se hão-de maçar indo buscar o maço? Para se cansarem? Bolas, eles até ganham o mesmo trabalhando bem mal como fazem habitualmente. Julgo que infelizmente estes senhores, em toda a vida deles, nunca se preocuparam em arranjar trabalho. Preocuparam-se apenas em arranjar emprego. É triste dizê-lo, mas a verdade é que não existe brio ou dignidade profissional! Eles não querem trabalho! Querem e o emprego! Que tristeza!
Isto que vi deu-me a resposta exacta daquilo que já sabia, mas que não pudera confirmar anteriormente. O porquê de tanto buraco nesta maravilhosa cidade. O pessoal que faz as reparações não tem qualquer tipo de brio profissional. Um buraco que se abra hoje não é para ser tapado. E para se ir tapando de vez em quando. É difícil trabalhar bem? Claro que não. Difícil é trabalhar mal como se trabalha e tentar disfarçar que estão trabalhando bem.
Ultimamente os políticos que arrasaram o pouco que ainda existia neste país, vêm falando de falta de produtividade e da necessidade de se ter que trabalhar mais horas para compensar a falta da dita produtividade.
Os sindicalistas, PCP e BE, têm-se insurgido contra isso, intitulando-se defensores de melhores condições para todos os trabalhadores. Também me incluo entre eles, apesar da minha idade. Só que os pseudo defensores fingem ignorar que para haver produtividade muitas vezes não é necessário fazer mais horas de trabalho. Muitas entidades patronais dizem que é necessário trabalharem mais horas, mas pagando o mesmo. Mas elogiam a qualidade dos nossos emigrantes. E é um facto real, pois aquilo que estes fazem é de qualidade, mas sem acréscimo de horas de trabalho.
E que para se ter produtividade a sério, apenas é necessário cumprir e fazer cumprir na íntegra todas as normas de trabalho. Fazendo as coisas como devem ser feitas. E aqui? Garanto que todos estes trabalhadores dos SMCR se estivessem trabalhando por exemplo no Canadá, de há muito que passavam fome pois lá não há complacência para aldrabões (profissionais). Teriam trabalho só até ao momento em que alguém visse como trabalham. Chefes de serviço incluídos.
Alguém por acaso fiscaliza a forma como se trabalha? Quem é a pessoa que o faz? E como é que o faz?
Será que no nosso país só existe vontade de deitar tudo a perder? Será que a vida não lhes custa a ganhar? Será que os trabalhadores dos SMCR são tão magnânimes que estão fazendo um favor especial aos mesmos, e que se podem dar ao luxo de fingir que fazem algo para justificar os muitos euros que levam para casa?
Ao Dr. Fernando Costa, primeiro responsável, por ser presidente da CMCR, que não fiscaliza mas vê o estado em que as coisas estão; aos engenheiros e chefes dos SMCR que parece que aparentemente se preocupam só em manter os seus lugares por muito tempo, não se importando com quem paga os seus salários, pergunto:
Acham que tudo está bem e já tudo foi feito nesta linda cidade?
É fácil fazer obras de melhoramento sem dinheiro?
Têm gosto ou prazer em ver as vossa ruas assim esburacadas e remendadas (termo demasiado forte para aquilo que fazem)?
Será que não existem coisas de muito maior valor, que vos dê prazer de efectuar? Gostam de desbaratar o vosso próprio salário?
Será que dará prazer a vós próprios e aos vossos familiares passearem ao redor da vossa casa, sabendo que a qualquer momento, debaixo dos vossos pés, se pode abrir um buraco que poderá trazer graves consequências? Certamente que não.
Então porque não obrigar a fazer as coisas como devem ser feitas começando por responsabilizar as próprias chefias? Ou será que estes entendem que não têm de demonstrar nada à opinião pública para justificarem um pouco que seja, daquilo que levam para casa?
Onde esta a avaliação profissional? Ou será apenas para os outros? repito que produtividade é sinónimo de trabalho de qualidade.
Sobre isto muito mais haveria para dizer. Faço um apelo a todos os caldenses e a todos aqueles que gostam desta cidade e desta região, não a deixem esburacar, por favor! Ponham os buracos todos bem à vista, digam a todos o que se passa dado, mas dando o vosso contributo positivo, para tentarmos tapar de vez os nossos buracos.
José Pratas
NR – Gazeta das Caldas deu, há duas semanas, conhecimento desta carta à Câmara Municipal, tendo o seu Gabinete de Imprensa contactado o nosso jornal para que adiássemos a sua publicação a fim de a autarquia se poder pronunciar. Contudo, e embora tenha esperado mais uma semana, não nos chegou qualquer resposta do município.
Padre afasta membro da Direcção do Centro de Dia de Vidais
Há cerca de 20 anos, um grupo de pessoas (incluindo eu), pensou criar um equipamento social (Centro de Dia) que pudesse dar resposta ao isolamento geográfico e às necessidades de uma população bastante envelhecida como é o caso dos habitantes da freguesia dos Vidais.
A Câmara Municipal prontificou-se de imediato a disponibilizar as instalações, que rapidamente começaram a ser insuficientes face às necessidades.
Na altura presidia a Direcção do Centro o já falecido Cónego José Guerra.
Só com a boa vontade do Sr. Presidente da Câmara Dr. Fernando Costa e com o apoio da Sr.ª Vereadora da Acção Social, Maria da Conceição Pereira, surge a construção de um novo Centro de Dia nos Vidais que custou 260.000 euros.
Na altura a Câmara cedeu o terreno e mandou elaborar o projecto para Centro de Dia e Lar de Idosos e contribuiu com 125.000 euros para a obra. A Junta de Freguesia deu 5.000 euros e a população outros 5.000 euros.
A Segurança Social que se comprometeu a disponibilizar uma verba de 100.000 euros apenas contribuiu para equipamento com 30.000 euros, ficando o Centro de Dia com um encargo de 121.000 euros, que acabou por liquidar com receitas próprias.
Fazendo sempre parte das várias Direcções do Centro desde a sua fundação, fui informado pelo Sr. Pároco Rui Gomes, em reunião da Direcção de dia 13 de Dezembro de 2010, para meu espanto, que iria deixar de ser membro da mesma, não obtendo qualquer justificação para esse facto, apenas tendo transmitido que tinha há muito decidido e que até já tinha um elemento para o meu lugar.
Fiquei perplexo.
Porquê?
Porque será que não interessava a minha presença na Direcção?
Verdade é que era o único que apresentava sugestões e questionava certos gastos que, no meu ver, seriam evitáveis. Será que convém uma Direcção que não esteja dentro do assunto, que não questione e diga sempre que sim?
Até à sua chegada, em Novembro de 2007 fui eu que geri o Centro de Dia, diariamente, como voluntário sem receber um cêntimo durante estes anos todos, tendo nessa altura o Centro um saldo em bancos no valor de cerca de 25.000 euros.
Várias pessoas (funcionárias e utentes), após terem conhecimento da minha saída da Direcção, e porque não sabiam o motivo, pediram-me que não me afastasse do Centro e não os abandonasse.
Deste modo entendo que devo dar conhecimento à população que não foi a meu pedido que me afastei do Centro de Dia, mas sim por imposição de alguém que se serve do lugar que ocupa como Presidente da Direcção, para fazer valer a sua forma arrogante de decisão.
Chegou ao ponto de comentar com uma funcionária que eu não mandava ali nada. Quis ao longo destes anos fazer tudo para que eu abandonasse o Centro, mas eu sempre resisti e como não conseguiu afastar-me de outra forma, esperou por esta reunião para concretizar o seu desejo.
Saio de consciência tranquila, fiz sempre o que me foi possível pelos idosos desta e de outras Freguesias ao longo dos anos, mas extremamente magoado pois sempre geri o Centro com total empenho e dedicação de forma voluntária, com rigor e transparência.
Nunca ninguém me tratou tão mal e sem qualquer motivo.
As Direcções que comigo trabalharam deixam o resultado à vista:
Um Centro de Dia novo, três carrinhas de nove lugares para transporte de utentes e duas para apoio domiciliário. O Centro tem nove funcionárias e uma Directora Técnica.
Deixo a Direcção do Centro de Dia sem dívidas, com algumas dezenas de milhares de euros e com um motivo aparente, talvez apenas por ser incómodo.
Até à chegada do Sr. Padre Rui, tudo funcionava regularmente. De então para cá tal situação alterou-se, tendo nos últimos dois anos as contas finais apresentado prejuízo.
Em determinada altura e devido ao seu comportamento destabilizador, várias pessoas vieram falar comigo, inclusive membros dos corpos sociais do Centro de Dia, querendo fazer um abaixo-assinado, para pedirmos ao Sr. Cardeal Patriarca a sua substituição de Presidente do Centro, mas entendi não o fazer, mal sabendo o que ele trazia em mente o meu afastamento.
Gostava de informar a população de Vidais que há um terreno, propriedade do Centro, com projecto para um Lar de Idosos para 20 camas, que no tempo do Sr. Padre Joaquim Duarte (actual Cónego das Caldas da Rainha) foi objecto de duas candidaturas ao PARES (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais).
Mas o actual Padre Rui Gomes, sempre que eu levantava a questão do Lar oponha-se dizendo “Lar não”. Por isso, durante três anos não quis dar seguimento ao processo, privando os idosos desta Freguesia e localidades limítrofes onde fazemos apoio domiciliário, tais como, São Gregório, Fanadia, Rio Maior, Alvorninha, Lagoa Parceira, entre outras, de terem um Lar onde passar os seus últimos dias de Vida.
Termino com um excerto de uma entrevista ao Correio da Manhã, dada pelo Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, onde o mesmo refere qual deverá ser o papel dos Padres na Sociedade: “…os Padres deverão dedicar-se à Igreja e deixarem as IPSS aos Leigos.”
Será que tal situação não se deveria aplicar ao Centro de Dia de Vidais?
Fernando Caetano Colaço
NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta ao Padre Rui Gomes, convidando-o a pronunciar-se, mas não obteve qualquer resposta.
O insucesso do Bom Sucesso…
O Bom Sucesso, situado na margem sul da Lagoa de Óbidos, é um lugar verdadeiramente de sonho, mas com um senão que acarreta muitas desilusões a todos os que se apaixonaram por estas paisagens e que, com uma certa apreensão, constatam a indiferença dos responsáveis a nível local, regional e central, em fazer respeitar aquilo que a Natureza deu de melhor ao nosso país – as maravilhosas paisagens com que foi dotada a nossa região.
Tomemos como exemplo esta encantadora Lagoa de Óbidos, que ao longo dos anos tem sofrido alterações de tal ordem – crescimento de construções mal concebido e de carácter indefinido, passando pelos problemas científicos causados pela erosão e a subida dos oceanos, até aos actos da maior falta de civismo, transformando as margens da Lagoa numa autêntica lixeira.
É certo que nem todos os problemas são de agora e muitos datam de há muito, a tal ponto que José Parreira, no seu livro “Lagoa de Óbidos” editado em 1999, já escrevia: – Para além dos fenómenos endógenos, onde se inclui o assoreamento provoca do pelas três origens de sedimentos, há que realçar todas as outras influências externas que provocam o aumento das possibilidades de erosão, nomeadamente a permissividade de construção próxima das margens e a desflorestação em toda a área das bacias hidrográficas”.
Com o activismo de todas as actuais construções, é bem de crer que este ecossistema tenha os dias contados, uma vez que o homem continua a ignorar os elementos que poderiam contribuir para atenuar as dificuldades de sobrevivência da Lagoa, ao despejar junto às margens, todo o tipo de detritos da nossa sociedade de consumo.
Ultimamente, ficámos espantados com as reportagens que foram publicadas na imprensa local, mostrando todos os tipos de descargas ilícitas junto das margens norte da lagoa e resolvemos verificar o que se passava na margem sul, devendo dizer em abono de verdade, que a situação não é nada melhor, com a agravante de serem os próprios organismos oficiais que contribuem ou não se interessam pela manutenção, limpeza, ou em remover todos os detritos acumulados em sítios visitados por turistas nacionais ou internacionais.
Exemplo do que afirmamos: ao longo do passeio reservado aos peões, como os nossos leitores podem constatar, o mesmo encontra-se juncado e por vezes obstruído por toda a porcaria que ali fica estagnada durante meses e meses como testemunham as fotos publicadas. Isto, numa obra que foi construída pelo INAG e que custou vários milhares de euros comparticipados pela UE, e que hoje está praticamente ao abandono, sem qualquer tipo de manutenção.
Outro belo exemplo da “competência das autoridades”, é a situação caótica da Praia do Rei Cortiço. Contemplem, caros leitores, como está o antigo restaurante daquela praia, – frequentada ainda por alguns turistas internacionais, – mandado “deitar abaixo” pela ASAE em 2010. Depois de ser parcialmente destruído há já seis meses, ainda hoje se encontra neste estado, servindo de abrigo às ratazanas. Assim vai o insucesso no Bom Sucesso.
Comissão de Moradores do Bom Sucesso
Francisco Norte
Regina Simões
Ivone Martins
José Carvalho Encarnação
































