Rui Vieira
Gestor
Na jornada do empreendedor, somos constantemente desafiados a escolher como preferimos ver o copo: meio cheio ou meio vazio. A famosa citação de Martin Luther King, “A fé é dar o primeiro passo, mesmo quando tu não vês a escada toda”, lembra-nos da importância de confiar em algo maior do que aquilo que podemos ver.
No entanto, há uma verdade que vai além da simples escolha de olhar para o estado do copo. Às vezes, o copo parte, e não adianta apenas decidir se o vemos meio cheio ou meio vazio. Nestes momentos, o que realmente importa é a capacidade de pegar nos pedaços e reconstruí-los. É aqui que entra a técnica japonesa do Kintsugi, a arte de reparar cerâmica partida utilizando o ouro para unir novamente as peças.
Kintsugi ensina-nos que as nossas cicatrizes, pessoais ou profissionais, podem tornar-nos mais fortes e mais belos. No empreendedorismo, a falha é muitas vezes inevitável, mas também é uma oportunidade de crescimento. Tal como no Kintsugi, não se trata de esconder ou disfarçar as falhas. Pelo contrário, trata- se de realçá-las, mostrando assim que as imperfeições são uma parte valiosa da nossa história.
Ver o copo meio cheio é uma escolha, mas saber como reagir quando ele se parte é o verdadeiro teste. Empreender é escolher dar um salto de fé, à maneira do dinamarquês Kierkegaard, mas também é aceitar que, ao longo do caminho, o copo vai cair, vai partir-se, e cabe ao empreendedor decidir se o quer reconstruir com algo ainda mais precioso.
A verdadeira força do empreendedor não está no que tem ou no que vê, mas na coragem de acreditar no que ainda não viu e de valorizar aquilo que conseguiu construir através das suas falhas. Quando te rodeias de outros empreendedores, como num espaço de cowork, estás a fortalecer esse músculo. Juntos, não só vemos o copo meio cheio, mas também aprendemos a celebrar as falhas e as cicatrizes uns dos outros, que brilham como ouro.
Então, da próxima vez que o copo se partir, lembra-te: o fracasso pode ser o começo de algo mais forte e mais bonito do que alguma vez foi. ■

































