Comentário – Caldas quer integrar rede europeia de cidades termais

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OS FACTOS

Na primeira página da Gazeta das Caldas de 17 de Outubro passado noticiava-se que “as Caldas da Rainha quer ser a primeira cidade portuguesa a integrar a rede europeia das cidades com termas”.
Na sequência desta notícia, o ex-vereador Jorge Mangorrinha enviou-nos por email uma “rectificação” à referida notícia, no dia 21 de Outubro, que por falta de espaço não pudemos publicar e que enviámos à Câmara Municipal, como é já rotina deste jornal, para o contraditório.
No dia seguinte o nosso colega Jornal das Caldas publicou na sua edição um desmentido à nossa notícia com o mesmo texto do ex-vereador.
Face à justificação que demos ao citado ex-vereador pela decisão em publicar a sua carta na semana seguinte (esta) com uma eventual resposta ou esclarecimento da autarquia, Jorge Mangorrinha mandou-nos suspender a publicação, o que nós fizemos.
Contudo, como o desmentido se tornou público ao ser dado noutro jornal e se dirigia exclusivamente a uma notícia da Gazeta das Caldas, por respeito para com os nossos leitores publicamo-lo na íntegra:

“As Caldas numa Rede
de Cidades Termais?

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Uma Rede de Cidades Termais foi iniciada em Ourense (Outubro de 2005), em cuja fundação se incorporou a cidade das Caldas da Rainha. Como proponente dessa rede, no quadro do exercício de vereador, trouxe para Portugal essa integração, o que aliás foi devidamente publicitada por órgãos de comunicação nacionais e regionais.
Onde é que estão aos resultados para as Caldas dessa rede?
É que o processo devia ter seguido pela “nova” equipa camarária, mas não se concretizou, aliás, como quase todos os projectos lançados nesse mandato, como já várias vezes se denunciou. Entretanto, outras cidades alargaram essa rede e mantenho uma participação regular em encontros técnicos e científicos, nacional e internacionalmente, por convite das organizações.
Daí que a notícia publicada na semana passada pela imprensa local, sobre a integração das Caldas numa outra rede de Cidades Termais, merece o meu regozijo, mas a desconfiança quanto ao propósito, quando os protagonistas são os mesmos que nada fizeram pelos compromissos assumidos (nacional e internacionalmente), hoje deixam que o mais nobre largo da cidade (defronte do Hospital Termal) se mantenha há tanto tempo descuidado e vergonhoso, fazem uma gestão desnorteada das obras de “regeneração urbana” e se preparam para fazer do Parque e da Mata áreas de utilização à revelia das suas origens e características botânicas e paisagísticas.
A cidade e os seus (agora) “sensíveis” responsáveis arriscam-se a ser criticados por outras que há muito trilham caminhos sustentáveis de desenvolvimento urbano e termal. Oxalá, porém, que vejam as boas práticas dessas outras realidades, para que um dia saiam da sua própria ignorância sobre o tema e do seu provincianismo político.

20 de Outubro de 2014,
Jorge Mangorrinha”.

O NOSSO ESCLARECIMENTO

Recorrendo ao nosso arquivo, podemos esclarecer que a Gazeta das Caldas na sua edição de 14/10/2005 publicou uma notícia em que se titulava ”Caldas da Rainha em rede de cidades termais de outros países”, referindo que o “município das Caldas da Rainha fará parte de uma rede de cidades termais que será criada em conjunto com Reykjavik (Islândia), Dax (França), Montegrotto Terme (Itália), Cajamarca (Perú), Ourense (Espanha), Bath (Inglaterra), Budapeste (Hungria) Rio Hondo (Argentina) e Spa (Bélgica)”.
Essa reunião decorreu em Orense durante a Feira Termatalia de 2005 e esta, segundo a notícia, seria uma das últimas iniciativas do vereador como tal, uma vez que havia sido substituído na lista do PSD por João Aboim e as eleições decorreram em 2005. Nessa reunião de Orense, o ainda vereador Jorge Mangorrinha comprometeu-se em nome das Caldas a organizar em Portugal um encontro em 2007 sobre o mesmo tema, depois de outro a realizar em Montegrotto (Itália) em 2006.
Ao que parece esta iniciativa morreu no ovo, uma vez que a nova organização a que Caldas quer aderir (a funcionar sob o signo do Conselho da Europa), foi criada apenas em 2009 numa reunião em Bruxelas, na sequência dum projecto europeu de Cultura dinamizado pelas termas checas de Karlovy vary com o apoio do Instituto Europeu de Itinerários Culturais sediado no Luxemburgo.  As cidades europeias fundadoras desta nova rede, que arrancou em 2010, foram Vichy (França), Acqui Terme (Itália), Bath (Inglaterra), Ourense (Espanha), Salsomaggiore Terme (Itália) e Spa (Bélgica). A este grupo de arranque juntar-se-iam mais 19 cidades termais europeias de dez países, onde Portugal não está representado. Chaves esteve para entrar nesta rede, mas por problemas que não estão bem esclarecidos, não aderiu.

JLAS

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