O tema desta primeira crónica é um evento ancestral comemorado em todo o mundo. Faz-me reviver marcantes e gratas recordações da minha infância e creio que as de muitas gerações.
Manifestação eminentemente cristã que celebra o nascimento de Jesus de Nazaré. É sobretudo a festa da família, amizade, solidariedade, humildade e fraternidade (que desperta a nossa sensibilidade social e espírito solidário), mas também de muitos excessos e desperdícios. Começa a ser comemorada durante o séc. IV a seguir às festas pagãs do solstício de inverno.
A tradição mais emblemática é o presépio que, a partir do séc. XIII, recria o ambiente em que o Menino nasceu. Basicamente nele estão presentes as figuras representando a Sagrada Família, os Reis Magos, a vaquinha e o simpático burrito. Este historicamente está conotado com a pobreza, sendo que foi usado por Maria e José na fuga para o Egipto para salvar Jesus. A referência, no Livro do Profeta Isaías, “… o boi reconhece o seu dono, e o jumento conhece a manjedoura do seu proprietário …” (IS 1,2–3), poderá sustentar a presença destes animais no presépio.
Recordo os preparativos para a sua construção desde a escolha dos materiais necessários, bem mais sustentáveis do que os usados hoje, o cenário e a disposição das suas figuras de barro, modeladas e pintadas também em olarias caldenses.
A Árvore de Natal a partir do séc. XVI é outra tradição natalícia. Outrora, um pinheirinho decorado com chocolates, rebuçados e até bolachas Maria, suspensos com linha de alinhavar. Hoje, árvores artificiais com bolas brilhantes e centenas de leds cintilantes de múltiplas cores. Na nossa cidade a majestosa árvore de Natal na praça 25 de abril e outras iluminações têm merecido elogios de caldenses e visitantes.
Uma rota de presépios na cidade, nos diversos bairros e espaços emblemáticos, com a colaboração de associações culturais de moradores ou outras (replicando o exemplo magnífico de Vidais e outras freguesias e aldeias do concelho) e a passagem por estes locais do comboio de natal e a intensificação da animação de rua com encenação de diversos quadros natalícios, seriam apostas a fazer para potenciar o Natal das Caldas e o comércio local, complementando a oferta consolidada de Óbidos Vila Natal.
Os presentes são uma das maiores tradições do Natal. Entregues consoante o imaginário de cada um, pelo Menino Jesus ou pelo Pai Natal, este “sucessor” de S. Nicolau, mítica figura, suportada por um simpático e bonacheirão velhote de longas barbas brancas e farto bigode.
Circularam durante muitas dezenas de anos mensagens escritas através de bilhetes postais a familiares e amigos. Atualmente, esta tradição continua, mas recorrendo às novas tecnologias. Não fosse isso e os CTT de agora, pela Páscoa, ainda estariam a distribuir postais de Boas Festas!
Mas o Natal ontem, hoje e sempre será tempo de reflexão.
colador de tacos / Natal de ontem e hoje
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