Sandra Santos
Professora
Chega o dia da última crónica. Há fases que se cumprem e espaços que se abrem para que sejam habitados por outros pensamentos.
Durante este tempo em que escrevi para a Gazeta das Caldas, tive o privilégio de parar, de pensar e de transformar em palavras aquilo que muitas vezes nos escapa na pressa dos dias. Estes meses foram uma espécie de gesto de presença, uma forma de parar o tempo e de dar sentido aos temas que me são mais próximos, esperando que alguma ideia, algum sentimento passado para palavra pudesse encontrar um recetor que o acolhesse. Há palavras que, sem se imporem, permanecem. Não por serem extraordinárias, mas porque tocaram em algo comum, familiar, íntimo. E é isso que mais me importa: saber que, algures, alguém se reviu no que leu. Que pensou um pouco mais. Que sentiu que não estava sozinho no que pensava ou sentia.
Agora, com o verão à porta, talvez seja tempo de dar lugar a outras formas de escrita menos formais, mais leves, feitas com os pés descalços, com o olhar demorado sobre um livro esquecido, ou com o silêncio bom das manhãs sem pressa.
Há uma escrita que não se publica, mas que se vive: nos detalhes, nos encontros, nos momentos que não precisam de legenda.
Escrever neste espaço foi um exercício de disciplina e liberdade. De escuta interior e atenção ao mundo. Termino este ciclo com leveza e gratidão.
As crónicas fazem pausa. As ideias, essas, continuam.

































