Pude notar que o articulado da vossa resposta a questões por mim apresentadas sobre o encerramento da linha do Oeste a norte das Caldas da Rainha, reporta dados de 2008 o que considero, no mínimo, estranho. Se, por um lado, a degradação da procura e/ou do desequilíbrio entre os custos de oferta e a procura possam ter-se mantido, parece-me que a actualização dos dados seria muitíssimo relevante para demonstrar a todos os intervenientes e/ou interessados, de forma clara e categórica, que nem mesmo numa situação de crise e de dificuldades financeiras por parte das famílias a procura do serviço ferroviário na linha do Oeste havia evoluído favoravelmente, o que seria sintomático!
Por outro lado, se a procura tiver registado uma evolução que, nomeadamente, aponte para a diminuição do diferencial custos de oferta/procura, será de uma enorme transparência e sentido ético que a tutela, por sua iniciativa, o publicite.
Assim, e porque importará ter presente que a conjuntura se encontra em rápida evolução, gostaria de solicitar a actualização dos dados apresentados, se possível, incluindo dados relativos ao primeiro semestre do presente ano;
É ainda afirmado na vossa resposta: «Numa análise realizada aos custos dos diferentes serviços ferroviários, confirmou-se, com dados concretos, as indicações da Lei de Bases do Sistema de Transportes Terrestres, sendo no entanto surpreendentes as conclusões obtidas, pela sua magnitude: o custo incorrido pelo sistema ferroviário no transporte de cada passageiro.km aumenta de forma exponencial nas linhas de menor procura, chegando a ser 5.000% superior ao custo incorrido nas linhas que constituem a verdadeira vocação do caminho-de-ferro.»
Ora, tal não é, segundo o vosso gráfico (dados de 2008), a situação registada na exploração da Linha do Oeste! Qual o valor de referência a partir do qual as linhas deixam de ser consideradas viáveis? A actualização do gráfico com dados actualizados aponta para alguma alteração (positiva como negativa) da posição relativa da linha do Oeste? Existem estudos que apontem que a linha do Oeste não tem condições de captação de clientes para atingir esse valor de referência?
Segundo a informação veiculada pela comunicação social, será lançado pela tutela um concurso público para atribuição da exploração do transporte alternativo. O lançamento e as regras desse concurso serão publicitadas? De que forma e com que meios (por exemplo, site do Governo)? Das mesmas regras constarão, por exemplo, tempos de deslocação máximos entre os diversos destinos que perderão a ligação ferroviária, de forma a impedir a degradação da mobilidade que possa vir a inviabilizar as deslocações profissionais dos utentes?
Embora relevando a amabilidade da vossa resposta, não pude deixar de igualmente notar que não foram abordados alguns aspectos específicos que igualmente me preocupam, motivo pelo qual me permito, novamente, submetê-los à apreciação de V. Exa:
Tendo em conta que o serviço rodoviário mais célere, actualmente disponível, demora 2 horas (!) entre Caldas da Rainha e Leiria a percorrer a mesma distância que a ligação ferroviária percorre em 45 a 60 minutos, qual a posição institucional da tutela sobre esta diferença? A mesma é considerada aceitável, sendo assim um serviço que implica o dispêndio do dobro do tempo considerado alternativa?
Em caso afirmativo, o custo associado ao consumo do serviço sofrerá uma redução na mesma proporção, atendendo à significativa quebra da qualidade do mesmo?
De igual modo, atendendo à diminuta oferta de ligações rodoviárias, será implementado o alargamento da oferta que permita a chegada diária à capital de distrito antes das 7h00, 8h00 e 9h00 e partida depois das 17h00, 18h00 e 19h00?
O valor da assinatura do transporte alternativo que venha a ser criado será equivalente ao valor actual da assinatura do transporte ferroviário?
Agradecendo, mais uma vez a vossa resposta, permito-me ainda sugerir que, numa próxima intervenção, se escusem a copiar integralmente textos públicos (como o que consubstanciou o vosso anterior articulado, o qual, basicamente, constitui um copy-paste do Plano Estratégico dos Transportes), podendo somente referi-los e indicar onde os mesmos poderão ser consultados. Embora não se trate de um trabalho académico, dá a impressão que, na verdade, as preocupações de um anónimo cidadão não vos merecem, sequer, umas linhas de discurso personalizado….
Grato pela atenção dispensada e reconhecido pela (melhor) atenção que, certamente, virão a dispensar, aguardo a V/resposta
Nuno Bugalho
































