Caldas, tentativa de uma morte anunciada

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Nos finais do século XX as Caldas tinha dois hospitais dos quais se podia orgulhar e que eram os principais motores da economia caldense: o Hospital Termal (o mais antigo do país) e o Hospital Distrital, que em conjunto formavam o Centro Hospitalar das Caldas da Rainha. À época, o Hospital Distrital recebia importantes obras de expansão e requalificação para melhoramento e alargamento do atendimento nas urgências.

A história das Caldas não se pode separar dos seus hospitais, mas do mesmo modo a economia caldense também não se pode separar deles. A importância dos hospitais das Caldas é notória no movimento de pessoas que trazem às Caldas, onde toda a economia, a começar pelo comércio, pela restauração e pela hotelaria, tem uma considerável fatia do seu negócio. Lembrar-se-ão os comerciantes mais antigos, dos clientes que todos os anos os visitavam, quando vinham fazer os seus tratamentos ao Hospital Termal, bem como todos os outros que por virem às Caldas, por motivos de saúde, também faziam crescer a nossa economia.

Mas em 1997, graças ao aparecimento da maldita Pseusomona, o Hospital Termal encerra temporariamente para obras, nunca voltando a ser o mesmo, perdendo os seus aquistas e consequentemente a economia das Caldas perdeu uma fatia significativa dos seus clientes. Por se tratar de um problema técnico de saúde pública, ficámos todos atados de pés e mãos, sem podermos agir. Durante os últimos 25 anos, fomos constatando o desaparecimento do Hospital Termal, que hoje é apenas uma memória daquilo que foi e daquilo que representou. O atual executivo camarário voltou a abrir o Hospital Termal, mas muitos anos serão precisos, para que volte a ter a importância que teve no século passado.

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Há poucos dias, um ministro iluminado, anunciou a construção do novo Hospital do Oeste no Bombarral, o que PROVOCA IRREMEDIAVELMENTE O ENCERRAMENTO DO HOSPITAL DAS CALDAS INCLUINDO A URGÊNCIA. A ser concretizada esta localização, a economia caldense vai sofrer o mais rude e duro golpe que sofreu em toda a sua história. Não vai ser só o comércio a restauração e os serviços a serem afetados, vai ser toda a economia. As Caldas vai passar a ser uma cidade parcialmente abandonada, economicamente fraca e sem capacidade de captação de investimento, em suma sem interesse. Pergunto aos caldenses se é numa cidade destas que querem viver e também se é este o legado que querem deixar para os filhos e os netos?

Desta vez podemos lutar, nada está perdido. A luta é para que a construção do novo Hospital do Oeste seja nas Caldas da Rainha/Óbidos.

Não podemos deixar que a deslocalização do Hospital seja, uma morte anunciada das Caldas, tal como a conhecemos.

No passado sábado a CMCR organizou uma manifestação para lutarmos pelo hospital, mas por incrível que possa parecer só tinha 300 manifestantes.

Num concelho com mais de 50.000 habitantes, onde estavam todos?

Distraídos, a olhar para o seu umbigo ou há espera que o problema seja resolvido por outros? Os caldenses têm de se unir nesta luta, é agora o momento de nos esquecermos das divergências e concentrarmo-nos nas convergências e na união de todos pela localização do novo Hospital do

Oeste nas Caldas da Rainha.

Mas não são só os cidadãos caldenses que estão distraídos, as entidades da cidade e do concelho também. Se a CMCR tudo tem feito ao seu alcance para defender o Hospital nas Caldas/Óbidos, outras entidades nada têm feito. A ACCCRO (Associação Comercial) nada disse até ao momento e é uma associação que tem o dever e a obrigação de defender os interesses dos comerciantes das Caldas e de Óbidos. A ACCCRO tem de estar na primeira linha da luta pelo Hospital e tem de saber motivar, agregar e liderar os comerciantes. Vi nestes últimos dias, ações de comerciantes nesta luta, sem qualquer participação da ACCCRO, teriam tido muito maior impacto se (Associação Industrial) também nada tem dito, ou feito, e a indústria também vai ser fortemente afetada se o novo Hospital do Oeste não ficar nas Caldas. A ACCCRO e a AIRO têm de ser agregadores do tecido empresarial caldense, nesta luta.

Lutar pelo novo Hospital do Oeste nas Caldas/Óbidos é ser participativo, é deixarmos de olhar para o próprio umbigo, é sermos capazes de nos juntarmos com os amigos, com os vizinhos, com os colegas, com a família num único propósito, para garantirmos a vitória nesta luta.

As Caldas não pode ficar sem Hospital, temos de conseguir juntarmo-nos todos, mas mesmo todos, para mostrarmos a nossa indignação com a tentativa de nos roubarem o novo Hospital do Oeste e para que todos vejam que não vamos baixar os braços até que seja garantida a construção do novo Hospital nas Caldas da Rainha/Óbidos. No próximo evento não podemos ser 300, teremos de ser 3.000 ou mesmo 30.000. Temos de mostrar aos governantes e ao país que estamos todos unidos nesta luta e que estamos preparados para lutar até à vitória.

É AGORA O TEMPO DE AGIR, esta é a derradeira oportunidade de lutarmos pelo novo Hospital do Oeste, se agora não marcarmos uma posição clara e com um peso significativo, vão deixar de nos ouvir e nunca mais vamos conseguir reverter esta má decisão anunciada pelo ministro.

Caldenses, entidades caldenses e todos os que concordam com o novo Hospital do Oeste nas Caldas/Óbidos é agora que temos de lutar.

Juntemo-nos em todos os eventos futuros e mostremos a nossa união e a nossa força nesta luta, pois só assim a VITÓRIA SERÁ NOSSA.

 

Amador Pedro Fernandes

Caldense e comerciante

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