Caldas da Rainha é como carvão em vias de ser transformado em diamante. Para uns já o é, mas na verdade, ainda não lhe é permitido ser, por falta de visibilidade.
Ora, Caldas da Rainha tem vários exponenciais subjugados. Refiro-me à qualidade turística, natural e comercial, nos seus mais variados aspectos. Assistimos a um apogeu interessante quando há meia dúzia de anos, se apostou imenso em programação no areal da Foz do Arelho, aliado a muitos eventos distribuídos pelo concelho, que deu uma visibilidade notória na televisão, na rádio, enfim, nos media em geral. O feedback não se fez esperar: milhares e milhares de turistas lusitanos e estrangeiros, assim como novas oportunidades de ramos de negócio resultantes dessa visibilidade. Como foi o município a ter esse incentivo com custos altíssimos, os lucros ficaram para os “homens e mulheres de negócios”, não tendo conseguido o município – como é natural – continuar a suportar tais custos, tendo esses eventos terminado, assim como cessou a visibilidade local.
Durante anos, a Região de Turismo de Óbidos, perdão, do Oeste (agora, Turismo do Oeste em fase final de vida), não deu praticamente visibilidade nenhuma ao nosso concelho. Fácil perceber porquê e com que resultados…
Inexplicavelmente continuamos a ter nos privados uma fraca aposta na divulgação e dificuldade na criação de parcerias. Embora hajam empecilhos na organização formal do Estado, onde se torna excessivamente burocrático desenvolver projectos, candidaturas, criar empresas e até oferecer estágios e postos de trabalho, o que é um facto é que se pesquisa na Internet por pacotes de férias e de lazer em geral, ou mesmo os muito na moda cupões de descontos que movimentam milhões de euros, mas Caldas da Rainha quase não aparece em nenhuma área comercial, a não ser em publicidade isolada de cada empresa, e muitas das vezes, publicidade limitada e errada. É uma boa pergunta: qual o receio de ver restauração, desporto, cultura, entre outros, a fazer parcerias lucrativas para quem oferece, tentadoras para quem consome?
Será porque Caldas não tem nada para oferecer? Bem pelo contrário, como os caldenses sabem. O concelho tem tanto para dar: Foz do Arelho é uma das melhores praias da Europa (antes de a criticar, viagem e só depois façam comparações a todos os níveis…), um trânsito invejável sem filas para chegar rapidamente a qualquer ponto e onde o stress só abunda na cabeça do condutor, comércio tradicional que ainda vinga (parabéns ao João Frade da ACCCRO que tanto tem feito pelos comerciantes), beleza natural invejável espalhada pelas agora 12 freguesias, gastronomia que é da melhor do mundo (mais uma vez, convido-vos a viajar e a fazer comparações), um Centro Cultural que infraestruturalmente é dos melhores da Europa e com preços acessíveis a todos, empresas de serviços de todo o género que permitem resolver todas as questões aos cidadãos dentro da cidade (ao contrário de Óbidos, por exemplo, que em serviços fica a anos luz de Caldas, sendo eles quem precisa vir a Caldas e não o oposto), enfim, uma panóplia interminável de ofertas que tornam Caldas uma cidade aprazível de se viver.
O que falta? Divulgar! Organizar! Gerir! Colocar as pessoas certas nos lugares certos, pois continuamos emperrados em processos de gestão que, devido à incapacidade de explorar novas vertentes e inovar, quem tem a responsabilidade de tomar decisões vive mais com medo de perder o seu posto, do que fazer Caldas evoluir.
Problemas por resolver? Os mesmos do resto do país: queremos mais comércio tradicional, mas se este continuar a fechar à hora que a maioria das pessoas termina o seu trabalho, nada feito (fechar às 21h00 e abrir ao sábado à tarde é uma solução – quantas lojas e empresas não têm durante manhãs e tardes nem um cliente?!); serviços públicos a funcionarem fora do horário laboral (se fecham às 16h00, as pessoas têm de faltar ao trabalho e lá estamos nós a dizer que produzimos pouco…), caso o acesso aos serviços públicos fosse diferenciado, não teria o cidadão de faltar ao trabalho, podendo cumprir com as suas responsabilidades atempadamente, sem contribuir para a famosa inércia na produtividade.
São ideias, senhor, são ideias…
Jorge Santos
































