Manuel Bandeira Duarte
Designer e artista
A convite da Gazeta das Caldas, começo hoje uma nova colaboração. E, com o intuito de dar asas e sentido ao que, periodicamente, irei escrever e partilhar com os leitores, considero pertinente uma breve autoapresentação serpenteada pelas Caldas da Rainha.
Nasci nesta cidade e, desde sempre, recordo-a com um brilho no coração. Um brilho que ainda não consegui desmistificar, nem interpretar a sua fórmula. Enquanto indivíduo, noto que existe, quotidiana e globalmente, uma grande procura pelo mundo exterior, isto é, um desejo de nos fixarmos para além das nossas fronteiras natais.
No decorrer do meu dia-a-dia pelas Caldas, deparo-me com diversos confrontos, quer sejam eles positivos ou negativos. Enquanto entusiasta, vivo numa procura constante pela diferença, pela memorização e pela arte. E, entre tantos outros fatores, é natural que surja uma vontade de procurar algo distinto do nosso território.
Confesso que, em contexto universitário, durante aproximadamente dois anos, assim o fiz. Dois anos que passaram num instante — talvez o relógio tenha acelerado com a chegada da vida adulta. No entanto, nesse tempo, o meu distanciamento com as Caldas foi praticamente nulo. Havia sempre uma deixa para regressar com a maior das brevidades. Acredito que foi precisamente nesse período que percebi o verdadeiro valor desta cidade — provavelmente o início do tal brilho de que falei.
Antes dessas sucessivas viagens para fora do nosso território, já se desenhava a tal fórmula, ao optar por iniciar o ensino universitário aqui mesmo, na nossa cidade. Foi então que começou uma verdadeira descoberta por estas escalas que tão bem se enquadram no nosso espaço.
Desde então – e talvez porque, ao longo desta permanência tenha vindo a descobrir que nas Caldas da Rainha é possível coexistirem vários mundos em diferentes escalas – tenho obtido e colecionado provas dessa riqueza. Quero com isto dizer que a nossa região é um misto de micromundos que nos permitem uma integração variada, um reconhecimento distinto e um paralelismo de vida único.
Somos, no fundo, um grande mundo repleto de cultura, tradição e, essencialmente, vida – rico de possibilidades. Por isso mesmo, creio que aqui tantos se sintam inspirados a criar e a inovar. A escala de cada um articula-se, com flexibilidade e plenitude, com a escala da cidade, vivenciando diversos universos num só mesmo território.
É tão bom ser de cá!

































