Até ao Jamor!

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No dia 15 de maio de 2016 o Caldas Sport Clube comemora 100 anos de existência. Nesse mesmo dia, que é um domingo, a sua equipa de futebol sénior pode garantir a subida de divisão. No domingo seguinte joga-se a final da Taça de Portugal.
O desporto é um elemento essencial da nossa sociedade. Não só pelos óbvios e reconhecidos benefícios para a saúde de quem o pratica mas também, por outro lado, pela verdadeira paixão que uma aguerrida competição desportiva desencadeia em quem assiste. Não esqueçamos que é também através do desporto que aprendemos a ganhar e a saber perder. Era tão bom que todos soubessem perder…
Não se pense que esta última frase servirá para tornar esta crónica numa crítica a um certo político que, depois de expulsar um camarada da liderança partidária por apenas ganhar umas eleições por “poucochinho”, acaba por ser derrotado, e por larga margem, nas eleições seguintes. Apesar disso, recusa-se a assumir as consequências dessa derrota. É como aquele jogador que, quando o árbitro assinala um penálti aos 90 minutos que pode decidir o vencedor do jogo, agarra na bola e não permite que o mesmo seja apontado pelo colega que habitualmente os marca. Perante a insistência do colega, que nunca falhou um penálti, esse jogador acusa-o de, na última vez, quase ter falhado o golo e que, por isso, era melhor agora ser ele a marcar o penálti. Os companheiros de equipa concordam e deixam-no ser ele a marcar o penálti e ele, no momento certo… falha a baliza. Depois disto, esse jogador agarra na bola e diz que se não for assinalado o golo, leva a bola para casa e não deixa os outros acabarem o jogo. Felizmente o árbitro deu a vitória à outra equipa.
Nada disso! Não vamos por aí. A crónica desta semana é mesmo sobre o desporto nas Caldas.
Os caldenses têm razões de sobra para se sentirem orgulhosos dos nossos clubes nas mais variadas modalidades. Entre outros bons exemplos, temos o Sporting Clube das Caldas com a sua equipa de voleibol na divisão cimeira da modalidade; o Caldas Rugby Clube, que só não lá está porque circunstâncias externas ao jogo o levaram a decidir assim; os Pimpões têm uma nadadora que ombreia com os melhores de Portugal… enfim, a competição desportiva caldense, no geral, está de parabéns.
Já no futebol, o clube mais representativo das Caldas continua a animar os seus adeptos com as memórias dos sucessos de meados do século passado. É claro que as exigências financeiras que o futebol moderno nos impõe, fazem com que seja muito difícil que o Caldas Sport Clube volte a jogar na primeira divisão. Será mesmo bom que o Caldas mantenha os pés bem assentes na terra, continuando o processo de estabilização financeira que tem vindo a prosseguir, e não dê passos maiores que as pernas. Nem sequer se pense que deveria haver um significativo aumento da contribuição da autarquia apenas para poder ter uma equipa de futebol mais competitiva. Desde logo porque o dinheiro da Câmara é de todos nós e, nesse sentido, deve ter como principal critério de distribuição pelos clubes e associações desportivas, não apenas o nível competitivo das suas equipas mas, principalmente, o contributo que essas entidades dão para que mais e mais caldenses pratiquem desporto de forma saudável.
Mas a verdade é que esta é uma época especial. Se é certo que será difícil ver o Caldas novamente na primeira divisão, a verdade é que, no passado domingo, o Caldas passou aos dezasseis avos de final da Taça de Portugal. Em ano de centenário devemos deixar os caldenses sonhar. Em ano de centenário, vamos até ao Jamor!

Jorge Varela
jorge.varela@ipleiria.pt

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