As restrições do turismo

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Dizem os números que Portugal foi uma das economias da Zona Euro mais afetadas pela pandemia. E que, para piorar o cenário, precisará de mais tempo para voltar a crescer a níveis que permitam começar a pensar na convergência. Tudo boas notícias, portanto. Todavia, estes dados não podem causar espanto a ninguém.
Sobretudo na última década, o país deixou-se inebriar pelo “desenvolvimento” que o turismo parecia indiciar, negligenciando setores como a indústria, a agricultura ou a investigação, que são os verdadeiros motores de qualquer economia real.
O país apostou as fichas no aumento do número de turistas, pois tudo indicava que o setor continuaria a crescer e que o incremento da economia, por via dos serviços, era um dado adquirido. A promoção e a propaganda tomaram conta do espaço mediático e o setor do turismo foi vendido como a panaceia para todos os males da nossa economia.
Aconteceu, porém, que a pandemia provou o inverso. E, na região, há concelhos que têm provado fortes dissabores, em reflexo das opções formuladas no turismo. Que tem mais impactos na vida dos cidadãos do que, à primeira vista, possa parecer. Basta olharmos para a habitação, cujos preços subiram a olhos vistos, para perceber os efeitos que os magotes de turistas podem provocar. Os centros históricos até podem ter turistas nas ruas e no alojamento local. E onde estão os habitantes locais?
A pandemia veio provar, de forma nua e crua, como a excessiva dependência de um setor pode ser perniciosa. Neste aspeto, as restrições impostas pela monocultura do turismo estão mesmo para ficar. ■

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