As razões de uma demissão

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Tal como já manifestei previamente, pretendo formalizar a minha desvinculação da direcção do Centro Social e Paroquial de Santa Catarina.
É com muita emoção e também com o sentido de dever cumprido que tomo esta decisão em consequência de uma atitude de quem não estaria à espera.
Ao longo destes anos, sempre privilegiei os interesses da instituição em detrimento da minha vida pessoal… e não me arrependo de o ter feito.
Este cumprimento constitui uma referência perante a Segurança Social de Leiria, Câmara Municipal das Caldas da Rainha e de toda a comunidade.
Não posso deixar de destacar o exemplo do Sr. Padre Fernando Maria de Carvalho, que muito me motivou a trabalhar pelo bem comum. Também merece uma referência especial o Padre Tiago Homem Bom, o Padre Alberto Teixeira Dias, personalidade marcante na vida do Centro devido ao espírito de equipa que sempre preconizaram.
O Padre João Braz encetou um grande dinamismo e viabilizou a edificação desta obra, como a sala polivalente e lar. Os oito anos do seu mandato motivaram grande adesão aos seus projectos e uma elevada admiração de todos os que colaboraram.
Enquanto presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina, considero estas personalidades fundamentais na materialização dos projectos de grande impacto social, por que sempre se incentivou a colaboração na base da lealdade e do bem comum sem se atender aos interesses individuais.
A gestão do Centro Social e Paroquial foi muitas vezes difícil e complexa havendo sempre a minha disponibilidade para assumir responsabilidades financeiras e outros afim de solucionar os problemas.
Orgulho-me de entre outros, aspectos ter colocado ao serviço do interesse comum obviamente e do Centro Paroquial as minhas viaturas sem qualquer recompensa material.
A obra do lar iniciou-se com um plafond de 350 mil euros que havia disponível, tendo no final atingido 1,6 milhões de euros e exigiu um elevado esforço financeiro para que no dia 13 de Junho de 2010 estivessem todos os compromissos honrados com os fornecedores.
No dia 18 de Maio de 2010 na reunião da direcção para definir a metodologia da inauguração o Sr. Presidente da Direcção, o Senhor Padre Cosme, definiu o modo como iria decorrer.
O Presidente da Direcção do Centro Social e sua excelência o Senhor Cardeal D. José Policarpo eram as únicas personalidades a intervir na cerimónia.
Expressei, prontamente, a minha discordância invocando o facto da Câmara Municipal das Caldas da Rainha ter tido um papel muito importante na edificação desta obra, não só em termos financeiros pois também disponibilizou o terreno, e assim era de toda a justiça dar a palavra ao Senhor Presidente da autarquia, Dr. Fernando Costa.
O representante da Segurança Social também deveria usar da palavra porque contribuiu financeiramente para este importante empreendimento, assegurando igualmente uma parcela significativa da factura da gestão do Centro.
Retorqui dizendo que se não se dá a palavra a quem realmente viabilizou este empreendimento, não se justifica a Igreja ser exclusivamente a interveniente na cerimónia de inaugurações dado que ficará com um património sem ter contribuído com algo para isso.
O Padre Cosme retorquiu dizendo “ponha-se lá fora!”
Cumpri de imediato e fiz a entrega das chaves do Centro Social.
Assim, desde essa data, 18 de Maio de 2010, considero que não faço parte da direcção, nem poderei assumir as garantias financeiras pessoais que prestei para a obra e pela gestão do Centro.
Esta minha posição não é irredutível porque estou sempre ligado animicamente de alma e coração a esta e outras realizações que tanto beneficiaram a população da freguesia de Santa Catarina.
A minha renúncia a membro da Direcção do Centro implica a partir de 18 de Maio de 2010, ficarem sem efeito as garantias (como avalista) perante a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo na compra do mini-autocarro e no empréstimo dos 300 mil euros para a obra do lar.
Ao longo de 30 anos sempre despendi as minhas energias no melhoramento das instalações, ficando ainda por realizar outro projecto já decididamente pensado, que consiste na ampliação dos escritórios e arquivos.
A construção de moradias assistidas no terreno adjacentes ao lar, terreno esse a ceder pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, constituiria outro relevante beneficio para a população da freguesia.
Ficarei sempre disponível para colaborar com quem não inviabilize o diálogo e reúna boas vontades em vez de fomentar divisões.
Pretendo que todos os membros da Direcção tenham conhecimento do seu teor, consubstancialmente, a minha revolta pela forma como fui tratado pelo Padre Cosme.
Não é fácil interiorizar a minha saída da direcção. No entanto, para quem agiu com tanto empenho durante tanto tempo, exijo, não reconhecimento, mas principalmente o respeito pela obra realizada.

António Cabrita Jerónimo

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